Morreu nesta terça-feira em Havana, aos 79 anos, Gustavo Arcos, que foi companheiro de Fidel Castro na Revolução Cubana e depois se tornou um dos primeiros dissidentes na ilha. A informação foi dada por dissidentes cubanos.

CARREGANDO :)

Arcos foi vítima de uma parada cardíaca na manhã de terça-feira, oito dias depois de Fidel, também de 79 anos, transferir temporariamente o poder a seu irmão mais novo e ministro da Defesa, Raúl, devido a uma cirurgia intestinal. Foi a primeira vez em 47 anos que Fidel deixou de governar Cuba.

- Arcos era o patriotismo e a decência em pessoa. Quando compreendeu que o projeto revolucionário não evoluía como ele entendia que deveria, decidiu-se pela honestidade e por sua consciência ao invés de uma vida fácil - disse Oscar Espinosa Chepe, um economista dissidente.

Publicidade

Arcos estava no mesmo carro que Fidel no desastrado ataque de 26 de julho de 1953 ao quartel Moncada, o embrião da revolução que derrubaria o ditador Fulgencio Batista em 1959. Muitos dos jovens que participaram do assalto caíram em combate ou foram capturados e mortos por tortura. Fidel passou 22 meses preso e foi libertado. Arcos sobreviveu, mas ficou manco para sempre devido a um ferimento.

"Não tenho razões para esperar que Fidel Castro mostre a seus presos políticos a mesma magnanimidade da que se beneficiou ou que ele também lhes concederá uma anistia (como fez Batista aos invasores do Moncada)", escreveu Arcos no jornal "The New York Times", em 2003, por ocasião do cinqüentenário do incidente.

Depois do triunfo da revolução, Arcos foi embaixador de Cuba na Bélgica. Depois de romper com o governo, foi chamado a Havana, onde foi condenado a dez anos de prisão, dos quais cumpriu três.

Em meados da década de 1980, foi capturado quando tentava escapar de Cuba e voltou à prisão por mais sete anos.

Arcos, presidente do Comitê Cubano Pró-Direitos Humanos, era o dissidente mais antigo de Cuba. Era ligado ao Partido Popular (conservador), do ex-premiê espanhol José María Aznar.

Publicidade

Em meados de julho, seus familiares disseram que ele foi hospitalizado devido a uma pneumonia e uma infecção urinária.