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Jean-Marie Le Pen, um dos líderes da direita nacionalista na França e pai de Marine Le Pen, morreu nesta terça-feira (7), aos 96 anos, segundo confirmou a família à agência de notícias France Presse (AFP).
De acordo com os familiares, o político estava internado em um hospital em Garches, a oeste de Paris, há várias semanas e morreu “cercado por entes queridos”. Sua saúde estava em um estado muito delicado há meses e foi hospitalizado no início de novembro após "exames preocupantes".
Ele foi o fundador do partido Frente Nacional (FN), em 1972, que posteriormente se tornou o Reagrupamento Nacional, liderado por sua filha, vindo a se tornar uma das maiores forças políticas da França na atualidade.
Com a criação do partido, Jean-Marie Le Pen conseguiu unir a frente de direita nacionalista que estava fragmentada até a década de 1970. Em um comunicado, o RN recordou que Le Pen “elevou este pequeno partido patriótico, sem recursos nem futuro, ao nível das formações políticas que contam”.
O político francês se tornou o deputado mais jovem quando foi eleito pela primeira vez em 1956, aos 28 anos. Ele também concorreu à presidência francesa cinco vezes, embora só tenha chegado ao segundo turno uma vez, em 2002, quando foi derrotado pelo conservador Jacques Chirac graças à estratégia do chamado "cordão sanitário" (para impedir que qualquer outro partido fizesse um pacto com a FN).
Nas suas cinco candidaturas ao cargo, Jean-Marie Le Pen defendeu uma agenda econômica de direita, assumindo uma postura de apoio ao livre mercado e ao Estado mínimo.
Apesar da derrota nas eleições de 2002, ele abriu caminho para que sua filha, Marine, conseguisse se projetar politicamente na França. O Reagrupamento Nacional foi de longe o partido mais votado nas eleições europeias e legislativas realizadas na França em 2024, com mais de 11 milhões de votos.
A maior conquista do patriarca Le Pen foi fazer da contenção da imigração uma prioridade na agenda política. O líder nacionalista conseguiu ser influente como deputado nacional (1956-62 e 1986-1988) e eurodeputado (1984-2019).
Em mensagem em sua conta na rede social X, Jordan Bardella, presidente do Reagrupamento Nacional (RN), nome que o partido assumiu em 2018, anunciou sua morte e prestou-lhe homenagem, destacando que Jean-Marie Le Pen “sempre serviu a França, defendeu sua identidade e sua soberania".
A notícia pegou de surpresa sua filha e sucessora de seu trabalho político, Marine Le Pen, que estava retornando a Paris do arquipélago francês de Mayotte, no Oceano Índico, quando foi informada por jornalistas, segundo disse um enviado especial da emissora France Info que estava viajando com ela no avião.