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76 anos

Morre Linda Brown, ícone da luta contra a segregação racial nos EUA

Linda Brown, à esquerda, em uma foto de 1964 | Library of Congress/AFP
Linda Brown, à esquerda, em uma foto de 1964 (Foto: Library of Congress/AFP)

Linda Brown, mulher negra dos Estados Unidos que foi pivô do processo que proibiu a segregação em escolas, morreu aos 76 anos, nesta segunda-feira (26).

Natural da cidade de Topeka, capital do Kansas, Linda tinha 9 anos quando o pai, o pastor Oliver Brown, tentou matricular a menina, em uma escola pública próxima à casa da família, mas foi impedido pela cor da pele da menina.

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“Eu não compreendia o problema da cor da pele”, disse ela mais tarde. “Eu só sabia que queria ir para a escola e não passar tanto tempo em um ônibus para estudar”.

O fato deu início a um dos processos mais famosos da Suprema Corte nos EUA, o Brown vs. Board of Education, cuja decisão dada em 1954 ajudou a derrubar a segregação racial nos Estados Unidos. Apesar de Brown intitular a causa, a ação judicial reunia vários casos de todo o país compilados pela Associação Nacional para o Progresso de Pessoas de Cor (NAACP).

A Corte entendeu que a segregação em escolas violava a proteção de igualdade da 14ª Emenda da Constituição norte-americana.

“A segregação de crianças brancas e de cor em escolas públicas tem um efeito prejudicial”, apontou o acórdão, que derrubou a doutrina “separada, mas igual” que existia desde o caso de Plessy vs. Ferguson, de 1896. A decisão preparou o caminho para uma integração gradual e às vezes violenta de escolas e outras instalações públicas, embora muitas escolas no sul – e até mesmo na cidade natal de Brown - não cumprissem plenamente a lei até bem pouco tempo.

Datas

Linda Carol Brown nasceu em 20 de fevereiro de 1943, segundo dados oficiais - mas outras fontes dizem que ela nasceu em 1942. Criada em Topeka, ela conta que brincava com crianças de todas as raças e não tinha nenhum medo em estudar com colegas brancos.

Anos depois, Brown, graduada em pedagogia, fez parte de um grupo de pais de Topeka que, em 1979, juntou-se à American Civil Liberties Union para defender a aplicação do caso Brown em outras instituições que não estavam violando a lei.

“Sentimos desânimo ao perceber que, 40 anos depois, ainda estávamos falando de segregação”, disse Brown ao The Washington Post em 1994. “Mas a luta tem que continuar.”

Em um documentário feito sobre sua vida, ela contou que não se lembrava muito da época da ação judicial que mudou sua vida, assim como a vida de milhões de afro-americanos em todo o país. Ao Times, em 1961, ela disse não ter certeza se teve de comparecer ao tribunal em 1954, apenas que, na escola, seus amigos não acreditavam que a vitória dela de fato era importante.

Quando os fotógrafos invadiram a sala de aula após a decisão, no primeiro dia de aula, em setembro de 1954, ela disse que seus colegas de classe acharam “muito engraçado” que estavam tirando fotos dela. De fato, ela disse, “eles não acreditaram em mim”.

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