Mark Felt, o misterioso "Garganta Profunda", que foi fonte dos repórteres do Washington Post Bob Woodward e Carl Bernstein no escândalo do Watergate -responsável pela queda do ex-presidente norte-americano Richard Nixon - morreu aos 95 anos.
Felt sofria de problemas cardíacos, mas a causa exata de sua morte, em casa na quinta-feira, era desconhecida, informou o jornal Press Democrat, de Santa Rosa, Califórnia, a 90 quilômetros de San Francisco.
Na matéria sobre a morte de Felt, o New York Times o chamou de "fonte anônima mais famosa da história americana".
Felt, que ocupava o segundo cargo mais importante do FBI quando o caso Watergate estourou, manteve sua identidade em segredo por 30 anos. Somente em 2005, aos 91 anos, seu papel no escândalo tornou-se público em um artigo escrito na revista Vanity Fair pelo advogado da família Felt.
"Sou o cara que eles costumavam chamar de Garganta Profunda", disse Felt ao advogado John O'Connor.
Por anos especulou-se e discutiu-se sobre a identidade de "Garganta Profunda", codinome derivado de um popular filme pornográfico.
Woodward e Bernstein prometeram não revelar a fonte da suas matérias de 1974 até que ela morresse. Mas um dia depois da revelação de Felt, Woodward escreveu sobre sua relação com ele.
Woodward disse que procurou Felt depois de escrever, junto com Bernstein, sobre a invasão da sede do Comitê Nacional Democrata no complexo Watergate, em Washington.
"Era um momento em que ter uma fonte ou amigo nas agências investigativas do governo era algo valioso", disse Woodward no Post. "Eu liguei para Felt no FBI... Seria nossa primeira conversa sobre Watergate".
Segundo o jornalista, Felt disse que o caso iria "esquentar" e, abruptamente, desligou. No entanto, ele passou a dar pistas sobre a história.
Seguindo uma rotina complicada, Felt e Woodward se encontravam em um estacionamento subterrâneo. O "Garganta Profunda" apenas confirmava as informações que os repórteres obtinham de outras fontes. Aos poucos, a dupla descobriu uma conspiração política.
"Felt acreditava que estava protegendo a agência (FBI) ao encontrar uma maneira clandestina de vazar informações dos interrogatórios e arquivos do FBI para o público, a fim de construir uma pressão pública e política para que Nixon e sua equipe fossem responsabilizados", escreveu Woodward.
"Ele só tinha desprezo pela Casa Branca de Nixon e seus esforços de manipular a agência por razões políticas".