Origem
O ex-general Videla nasceu em 2 de agosto de 1925 na cidade de Mercedes, província de Buenos Aires.
Período
O ditador ocupou a presidência da Argentina entre 1976 e 1981, na ditadura que se autodenominava Processo de Reorganização Nacional, iniciada em um golpe de Estado em 1976.
Juventude
Ele entrou no Exército muito jovem e aos 19 anos já era oficial da infantaria. Fez parte da Secretaria de Defesa entre 1958 e 1960 e dirigiu a Academia Militar até 1962. Já em 1971, foi promovido a general.
Salto
Dois anos depois, em 1973, foi nomeado chefe do Estado Maior, um grande salto em sua carreira. Um ano depois já era o comandante-chefe do Exército e em março de 1976 dirigiu um o golpe de Estado contra a então presidente e viúva do general Juan Perón, María Estela Martínez (a terceira esposa dele).
Sangue
Como presidente da Junta Militar que governava o país, Videla liderou uma das ditaduras mais sangrentas da Argentina.
Órfã
O fato de ex-ditador ter sido condenado serve de alento a filha de vítimas
No ano passado, em julgamento sobre um plano de roubo de bebês executado pelos militares argentinos entre 1976 e 1983, a uruguaia Macarena Gelman viu Jorge Rafael Videla no banco dos réus. Filha de desaparecidos argentinos (sua mãe foi trasladada, deu à luz e foi assassinada no Uruguai). Ela diz ter sentido "a tranquilidade de saber que ele [Videla] foi julgado e condenado" antes de morrer.
O primeiro presidente da ditadura argentina, Jorge Rafael Videla, morreu ontem aos 87 anos. Na noite anterior, o ex-militar teria se recusado a jantar e disse que se sentia mal. Ele estava preso no cárcere Marcos Paz, onde cumpria pena de prisão perpétua por crimes de guerra em seu regime, um dos mais sangrentos da América Latina.
A ativista Cecilia Pando, de extrema direita, confirmou a notícia à rádio Once Diez e disse que Videla morreu dormindo. Já o jornal argentino La Nación afirmou que o ex-general estava internado em um centro médico do presídio e o Clarín cita fontes que asseguram que Videla morreu quando se levantou para ir ao banheiro.
Em março deste ano, ele havia pedido a revisão de seu julgamento, no qual foi considerado culpado pelo sequestro, falsificação da identidade de menores. No episódio, ele se negou a responder as perguntas da promotoria e disse que se considerava um preso político e que sofria de "crises de memória".
Segundo investigadores, mais de 8 mil pessoas desapareceram no governo de Videla. Durante anos o ex-militar se recusou a comentar o assunto, mas, em conversa com o jornalista Ceferino Reato, autor do livro Disposição Final, admitiu que "sete ou oito mil pessoas deviam morrer para vencer a guerra contra a subversão".
Condenações
Após o fim da ditadura na Argentina, Videla sofreu três condenações: a primeira em 1983, quando foi julgado e condenado à prisão perpétua, sendo destituído do título militar dois anos depois por numerosos crimes contra a humanidade cometidos durante seu governo. Em 22 dezembro de 2010, ele foi condenado mais uma vez à prisão perpétua pelo caso conhecido como UPI, em Córdoba.
Em 5 de julho de 2012, o ex-ditador sofre sua condenação final: 50 anos de cadeia por ser considerado culpado por sequestro sistemático de ao menos 35 bebês e crianças. Nesse mesmo julgamento, o Tribunal Oral e Federal N.° 6, cuja responsável era a juíza María del Carmen Roqueta, unificou as três sentenças em uma pena única de reclusão perpétua em cárcere comum.
"Um ser desprezível deixou o mundo"
Como toda figura polêmica, a morte do ex-ditador argentino Jorge Rafael Videla causou tristeza, mas também um sentimento de alívio por parte das vítimas de um dos regimes mais sangrentos do continente. As Avós da Praça de Maio foram uma das primeiras a se manifestar.
A presidente do grupo, Estela de Carlotto, afirmou que o símbolo da ditadura no país era um homem mau. "Há homens bons e maus. Esse era um homem mau", disse em entrevista à Rádio Continental. "Sinto-me tranquila que um ser desprezível tenha deixado o mundo."
A líder dos direitos humanos questionou Videla por não ter se arrependido dos crimes cometidos, não ter pedido desculpas e reparado os danos.
"A história certamente irá considerar que sofremos genocídio, o opróbrio de uma ditadura civil-militar liderada por ele, que não se arrependeu e, inclusive, fez declarações tardias para reivindicar todos os seus crimes", lamentou Estela.
O Prêmio Nobel da Paz Adolfo Pérez Esquivel destacou que Videla foi um homem que passou a vida fazendo muitos danos e traiu os valores de um país inteiro. O líder de Direitos Humanos, no entanto, disse que não se alegra com a morte de ninguém.
"Eu acho que para aqueles que cometeram crimes contra a humanidade, depois de muitos anos e décadas, consegue-se abrir os arquivos da impunidade e da repressão", disse ele, para quem a Justiça deve continuar investigando o que aconteceu no regime militar argentino.
Pérez Esquivel ficou 28 meses preso durante a ditadura militar, sem saber de acusações nem sofrer processos.
Imprensa
Jornal argentino Clarín chama ex-general de "ideólogo do terror"
O jornal argentino Clarín afirmou ontem que o ex-ditador Jorge Rafael Videla foi o "ideólogo do terror da pior ditadura da Argentina". Segundo o diário, Nora Cortiñas, do grupo Mães da Praça de Maio, lamenta o fato de "[morrerem] com ele os segredos mais importantes da história". O jornal lembra ainda que Videla "convocou" os ex-colegas das Forças Armadas para se armar enfrentar a presidente Cristina Kirchner.
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