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Raúl Alfonsín (dir.) em imagem de 20 de junho de 2007: luta contra um câncer pulmonar | Enrique Marcarian / Reuters
Raúl Alfonsín (dir.) em imagem de 20 de junho de 2007: luta contra um câncer pulmonar| Foto: Enrique Marcarian / Reuters

O ex-presidente argentino Raúl Alfonsín morreu nesta terça-feira (31) em Buenos Aires, aos 82 anos, vítima de uma pneumonia agravada por um câncer pulmonar que o afetava desde 2007.

O anúncio oficial da morte de Alfonsín foi feito por seu médico, Alberto Sadler. Nos últimos dias, o estado de saúde de Alfonsín (1983-1989) se agravara muito. A última aparição pública dele havia sido em outubro passado, quando foi à inauguração de um busto com sua imagem no salão que lembra os ex-presidentes na sede do Governo, homenagem liderada pela chefe de Estado, Cristina Fernández.

Alfonsín foi o primeiro chefe de Estado eleito após a última ditadura argentina, que ficou no poder até 1983. Apesar de estar doente há anos e de não ter nenhum cargo público, ele continuava sendo uma figura influente no partido União Cívica Radical, que faz oposição ao governo.

Ele governou até 1989 e ganhou admiração mundial por levar a julgamento líderes militares que torturaram e mataram ativistas de esquerda durante a chamada "guerra suja" da ditadura.

O governo de Alfonsín ficou marcado por acordos com o Brasil que formaram o embrião do atual Mercosul. O presidente argentino assinou junto com o então presidente brasileiro, José Sarney, um acordo de integração econômica entre os dois países. Foi uma retomada na parceria política entre as duas nações que acabavam de sair de longos períodos autoritários.

Volta à democracia

Advogado de profissão, Alfonsín governou a Argentina entre 1983 e 1989, período conturbado pelos ressentimentos causados por uma ditadura que perseguiu e matou milhares de dissidentes durante os sete anos que esteve no poder.

O ex-presidente e líder da União Cívica Radical, um partido de centro, liderou o histórico julgamento da Junta Militar em 1985, que acabou com a prisão da cúpula da ditadura.

Mas pouco depois, em meio a fortes pressões políticas e de sucessivas tentativas de golpe de Estado, foram promulgadas leis de anistia que permitiram a centenas de militares de baixo escalão evitar a Justiça.

O governo de Alfonsín terminou prematuramente em meio a uma forte crise econômica e violentas greves de sindicatos, majoritariamente de oposição.

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