Borlaug utilizou técnicas inovadoras ao desenvolver variedades de trigo mais resistentes a pragas, obtendo muito mais grãos do que nas safras normais| Foto: Áurea Cunha/Gazeta do Povo

Dallas - O cientista agrícola norte-americano Norman Borlaug, pai da "revolução verde" e vencedor do Prêmio Nobel da Paz pelo combate à fome no mundo, faleceu na noite de sábado. Borlaug tinha 95 anos e teve complicações por causa de um câncer. Ele estava no Te­­xas, de acordo com a Univer­­sidade A&M do Texas, da qual ele era professor.

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O comitê do Nobel premiou Borlaug em 1970, considerando que ele desenvolveu variedades agrícolas com alta produtividade e protagonizou inovações nesta área, especialmente nos países em desenvolvimento. Muitos es­­pecialistas consideram que Bor­­laug salvou cerca de um bilhão de vidas ao ajudar a prevenir a fome na segunda metade do século 20.

"Fizemos essa escolha na esperança de que providenciar o pão também dará paz ao mundo", explicou a então presidente comitê do Prêmio Nobel da Paz, Aase Lionaes, quando ofereceu a honraria.

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Graças à "revolução verde" de Norman Borlaug, a produção de alimentos mais do que dobrou entre 1960 e 1990. Neste período, a produtividade de grãos mais do que quadruplicou no Paquistão e na Índia, dois dos principais países que mais se beneficiaram das novas variedades de safra.

"Ainda temos um grande nú­­mero de pessoas miseráveis e fa­­mintas, o que contribui com a instabilidade mundial", afirmou Borlaug em maio de 2006, quando participava de um fórum no Banco de Desenvolvimento da Ásia, nas Filipinas. "A miséria hu­­mana é explosiva e é melhor vocês não se esquecerem disso."

A diretora-executiva do Pro­­grama Mundial de Alimentos das Nações Unidas, Josette Sheeran, disse que Borlaug "salvou mais vidas do que qualquer outro homem na história". "Seu coração era tão grande quanto sua mente brilhante, mas foram sua paixão e sua compaixão que mo­­veram o mundo", declarou.

As novas variedades criadas por Borlaug pressionaram os go­­ver­­nos a desenvolverem políticas econômicas mais favoráveis para os produtores e melhorou a acessibilidade dos mercados. Em 2006, um li­­vro sobre Bo rlaug foi intitulado "O homem que alimentou o mundo".

Foi no fim da Segunda Guerra Mundial, no México, que Borlaug iniciou o trabalho que lhe rendeu o Nobel. Ele utilizou técnicas inovadoras para alimentação, ao produzir variedades de trigo mais resistentes a pragas, o que lhe permitiu obter muito mais grãos do que nas safras normais. Mais tarde, ele e outros especialistas usariam técnicas semelhantes para melhorar produções de arroz e milho na Ásia, no Oriente Médio, na América do Sul e na África.

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O crescimento da população mundial das décadas de 1950 e 1960, em razão das melhorias nos sistemas públicos de saúde, resultou em problemas para os sistemas de agricultura, que não conseguiam corresponder à demanda por alimentos. Borlaug foi re­­conhecido, portanto, por ter trabalhado nesta área justamente quando era mais necessário. Em seu livro "A bomba populacional", ele alertou os leitores de que a fome em massa seria inevitável.

Norman Ernest Borlaug nasceu em 25 de março de 1914, em uma fazenda próxima à cidade de Cresco, em Iowa, nos EUA. Ele foi casado com Margaret Borlaug, que morreu em 2007 aos 95 anos. O casal teve dois filhos, cinco ne­­tos e seis bisnetos.