O britânico Claude Choules, o último veterano combatente da 1.ª Guerra Mundial, morreu ontem aos 110 anos, na Austrália, desaparecendo, assim, o último elo vivo com o conflito, que mobilizou 70 milhões de pessoas. Cego e quase totalmente surdo, Choules, apelidado de "Chuckles", morreu enquanto dormia em seu apart-hotel em Perth. Era o homem mais velho da Austrália.
"Sua passagem marca o fim de um importante capítulo da história mundial", disse a primeira- ministra australiana, Julia Gillard. "Precisamos agora, mais do que nunca, assegurar que a contribuição daqueles que lutaram na Primeira Guerra Mundial jamais será esquecida", acrescentou.
Com a morte do norte-americano Frank Buckles, no começo deste ano, Choules foi declarado o último sobrevivente de combates de uma guerra que, enquanto durou, deixou 37 milhões de mortos ou feridos. Outra sobrevivente é a britânica Florence Green, que serviu à RAF, Força Aérea Real, como não combatente. Trabalhou como garçonete e hoje tem 110 anos.
Nascido em Worcestershire, Inglaterra, depois da guerra Choules mudou-se para a Austrália, passando a servir a Marinha Real Australiana em 1926. Atuou como oficial de torpedos em Fremantle, oeste da Austrália, na Segunda Guerra Mundial.
Choules permaneceu na marinha mesmo depois da guerra, mas, nos últimos anos, trabalhava na indústria de pesca de lagosta em Safety Bay, ao sul de Perth.
Casado por 80 anos com Ethel, uma escocesa que viveu até os 98 anos, ele teve duas filhas e um filho, 13 netos, 26 bisnetos e dois trinetos.
Quando começou a ganhar atenção como um dos últimos veteranos da 1.ª Grande Guerra, Choules escreveu uma autobiografia chamada The Last of the Last (O último dos últimos, em português), lançada em 2009.
Apesar de seus anos de marinha, Choules declarou sua antipatia pelas guerras e pelas pessoas que enviam jovens ao combate. Ele dizia que a 1.ª Guerra Mundial representou uma vida dura de privações e tédio marcada por momentos de extremo perigo.