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Bogotá – As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) anunciaram ontem a morte de 11 dos 12 deputados do departamento colombiano de Valle del Cauca seqüestrados pela guerrilha há cinco anos, causando comoção e revolta em todo o país. Segundo as Farc, os 11 parlamentares teriam morrido "no meio do fogo cruzado" quando "um grupo militar não identificado" atacou o acampamento no qual eles se encontravam, no dia 18 deste mês. O 12.° deputado seria Sigifredo López e teria sobrevivido porque não se encontrava no mesmo local de seus colegas no momento dos enfrentamentos.

Capturados em um mesmo ataque à Assembléia de Valle del Cauca, em abril de 2002, os deputados faziam parte do grupo de 56 reféns que as Farc haviam se proposto a trocar com o governo por centenas de guerrilheiros presos (e que inclui ex-candidata presidencial Ingrid Betancourt). A notícia de que eles teriam sido mortos foi publicada pelo site da Agência de Notícias Nova Colômbia, com sede em Estocolmo, normalmente utilizada pela guerrilha para divulgar seus comunicados.

Como algumas semanas antes da suposta data dos enfrentamentos, o presidente Álvaro Uribe havia ameaçado resgatar militarmente os reféns, alguns familiares das vítimas acusaram o governo pelas mortes. Preocupado, Uribe fez um pronunciamento em cadeia nacional negando que qualquer ação militar tenha sido organizada com o objetivo de localizar e atacar o cativeiro dos deputados e culpando as Farc pelas baixas.

Acusação

"O assassinato de todos os seqüestrados, salvo um, que estaria afastado do grupo, mostra que este foi um crime premeditado que as Farc querem confundir com fogo cruzado com a força pública", afirmou o presidente, após uma reunião de cinco horas com um conselho de defesa extraordinário formado por ministros, assessores e integrantes da cúpula militar do governo.

Para Alfredo Rangel, diretor da Fundação Segurança e Democracia, especializada no estudo do conflito colombiano, as informações divulgadas até agora dão respaldo a essa tese. "Os guerrilheiros de fato recebem ordens para executar os reféns em casos de enfrentamentos armados", disse Rangel à AE. "É possível que eles tenham sido atacados por milícias paramilitares rivais e decidido tomar essa atitude drástica", completou.

Em maio de 2003, oito reféns morreram em uma operação de resgate fracassada, entre eles o ex-ministro de Defesa Gilberto Echeverry e o ex-governador do Estado de Antioquia, Guillermo Gaviria. O capitão do Exército, Julián Ernesto Guevara, também faleceu em janeiro de 2006, após sete anos de cativeiro, por causa de uma doença.

Numa tentativa de pressionar as Farc a negociarem a troca dos 56 reféns, há pouco mais de um mês Uribe anunciou um projeto para libertar unilateralmente mais de 100 rebeldes. Ontem pela manhã, fontes ligadas ao governo anunciaram que Uribe havia indultado 14 rebeldes.

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