O assassinato da jornalista russa Anna Politkovskaya deve dominar o segundo dia da visita do presidente Vladimir Putin à Alemanha, na quarta-feira, à medida que políticos cobram mais explicações do líder russo.
O crime já ofuscou o primeiro dia da visita, que deveria servir para ajudar os interesses empresariais russos na maior economia da Europa.
Em seus primeiros comentários sobre o homicídio ocorrido no fim de semana, Putin prometeu na terça-feira caçar os autores, que segundo ele querem difundir um sentimento anti-russo.
Políticos em Munique (capital da Baviera, sul da Alemanha) disseram que vão discutir o crime e questões de liberdade de expressão na Rússia com o presidente.
- [O homicídio] Lança uma sombra sobre a sociedade russa no que diz respeito à democracia, liberdade de expressão e uso da violência, e o presidente Putin deve respostas à Baviera e ao mundo - disse o secretário de Economia do Estado, Erwin Huber.
Herta Daeubler-Gmelin, presidente da Comissão de Direitos Humanos do Parlamento alemão, disse que a Rússia sofrerá "conseqüências" se Putin não apresentar explicações para o crime em dois meses.
Promotores dizem que Politkovskaya foi morta por vingança contra suas reportagens. Ela costumava fazer duras críticas ao governo.
Putin demonstrou na terça-feira pouca consternação com a morte da jornalista, e chegou a ser ríspido em entrevista coletiva ao lado da chanceler (primeira-ministra) Angela Merkel na cidade de Dresden, antiga Alemanha Oriental, onde ele foi agente da KGB durante a década de 1980.
Ele menosprezou a carreira de Politkovskaya e disse que ela tinha influência "mínima" sobre a vida política russa.
Em sua visita, Putin não vem escondendo seu desejo de ampliar os investimentos russos na Europa, a fim de "diversificar nossas relações, o que está no interesse das economias russa e européia".
Ele afirmou ao jornal "Sueddeutsche Zeitung" que é favorável à ampliação da participação russa na empresa bélico-aeroespacial EADS, que tem capital de vários países europeus. Atualmente, a Rússia tem 5%.
Durante os dois dias de visita, Rússia e Alemanha vão assinar vários outros contratos.
Putin afirmou que a Alemanha será cada vez mais dependente da energia importada da Rússia. Segundo ele, o comércio de gás vai aumentar substancialmente com a abertura de um novo gasoduto no norte do continente, em 2010. O presidente sugeriu que a Alemanha se torne um centro de distribuição de gás para toda a Europa.