Misurata - Forças leais ao governante da Líbia, Muamar Kadafi, lançaram ontem uma nova ofensiva contra a cidade de Misurata, dominada por rebeldes, antes do funeral do filho de Kadafi morto por um ataque aéreo da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). O sepultamento do corpo de Seif al-Arab, de 29 anos, segundo filho mais jovem de Kadafi, ocorreu na tarde de ontem na capital líbia.
Também foram sepultados os corpos de três bebês, filhos de Seif al-Arab e netos de Kadafi. "Vingança, vingança para você Líbia", gritaram cerca de 2 mil pessoas que compareceram ao velório e ao sepultamento dos corpos.
O próprio Kadafi e sua mulher estavam no local onde Seif e as crianças foram mortos, mas conseguiram escapar sem ferimentos. O porta-voz do governo, Mussa Ibrahim, disse que a localização do ditador havia sido "vazada".
Durante a madrugada, os confrontos na terceira maior cidade do país do norte africano deixaram pelo menos seis mortos e dezenas de feridos, disseram médicos em Misurata. O ataque aéreo da Otan que matou um filho de Kadafi no sábado enfureceu manifestantes, que se voltaram contra residências diplomáticas ocidentais em Trípoli. As Embaixadas da Grã-Bretanha e da Itália, fechadas há mais de um mês, foram saqueadas. "Os tanques de Kadafi tentam entrar na cidade por Al- Ghiran", um subúrbio a sudoeste de Misurata, perto do aeroporto, disse um rebelde. Pelo menos quatro ou cinco tanques participam da ofensiva, segundo a liderança rebelde. "Nós contamos seis mortos e várias dezenas de feridos", afirmou uma fonte médica por volta das 9h30 (hora local), após os confrontos durante a noite.
A fonte não sabia quantos dos mortos eram civis. Misurata é a última base importante dos rebeldes no oeste da Líbia. A cidade está cercada por forças de Kadafi e depende da saída pelo mar para receber suprimentos.
Violência
Alguns governos estrangeiros alertaram que os bombardeios contra figuras da cúpula do regime líbio poderão escalar a violência no país magrebino, em guerra civil desde fevereiro. A Rússia acusou a Otan de uso "desproporcional" da força no domingo e pediu um cessar-fogo imediato.
O governo da África do Sul divulgou um comunicado no qual afirma que "ataques contra líderes e funcionários apenas podem resultar em uma escalada das tensões e conflitos, tornando mais difíceis futuras negociações".
O ministro das Relações Exteriores da Turquia, Ahmet Davutoglu, disse ontem que seu país fechou sua embaixada em Trípoli, após ataques contra as missões diplomáticas da Grã-Bretanha e da Itália. Segundo ele, a embaixada foi fechada temporariamente por razões de segurança.