Os corpos de duas meninas, de dois e três anos de idade, que estavam desaparecidas desde sábado (12) e que foram encontrados em um vaso sanitário em um subúrbio nos arredores de Johanesburgo provocou uma onda de violência nesta terça-feira (15) na África do Sul.
O caso provocou distúrbios em Diepsloot, onde os corpos das crianças foram encontradas, e causou comoção em todo o país.
O presidente do país, Jacob Zuma, disse que estava "consternado" com o crime. As vítimas eram primas.
"Condenamos o assassinato da maneira mais enérgica e pedimos à comunidade que não faça justiça pelas próprias mãos", afirmou Zuma.
O texto presidencial relacionou o crime de Diepsloot com a descoberta recente em Johanesburgo do corpo sem vida de uma criança de entre quatro e seis anos de idade, que apresentava sinais de tortura e maus tratos, segundo o comunicado.
O partido governamental Congresso Nacional Africano (CNA) classificou o crime como "doente" e "imoral".
Nas ruas de Diepsloot, um dos subúrbios mais pobres de Johanesburgo, moradores locais queimaram pneus e fizeram barricadas nas ruas sem asfaltamento. A polícia reforçou a segurança no bairro.
Parte da população revoltada aproveitou o caos para saquear estabelecimentos comerciais de imigrantes africanos, fenômeno comum nos bairros pobres da África do Sul que acaba frequentemente com a morte dos proprietários e costuma ter como vítimas somalis e etíopes.
Além disso, um grupo de moradores atacou com pedras jornalistas e veículos que circulavam pela zona. Os manifestantes ameaçam continuar com a violência em protesto pela insegurança em que vivem. A primeira-ministra da província de Gauteng -da qual Johanesburgo é a capital-, Nomvula Mokonyane, visitou hoje os pais das duas meninas assassinadas e pediu calma aos moradores de Diepsloot.
Em setembro, foi encontrado em Diepsloot o corpo de outra menina, de cinco anos de idade, junto a uma caçamba de lixo, crime que ainda não foi desvendado.
A África do Sul é um dos países do mundo com as maiores taxas de mortes violentas e estupros, que afetam principalmente zonas urbanas pobres, onde milhares de pessoas vivem em favelas.