Aviões com mantimentos, especialistas, paramédicos e marines pousaram em Yogyakarta, antiga capital da Indonésia, nesta terça-feira, trazendo esperança para as vítimas do terremoto de 6,3 graus Richter que atingiu o país no último sábado, matando mais de 5.700 pessoas e deixando 20 mil feridos e 130 mil desabrigados.
Segundo a ONU, mais de 22 países responderam ao apelo indonésio com envio de ajuda ou promessas de assistência. Mas ainda há muita gente desamparada, esperando pelo socorro que demora a chegar.
Perto da cidade de Bantul, na região mais atingida pelo terremoto, Jumadi e seus dois filhos adolescentes e descalços pediam esmolas para motoristas.
- Nossa aldeia tem muitas vítimas, as casas estão todas destruídas, e não recebemos ajuda do governo. Que mais podemos fazer? - disse ele.
Edward Beigbeder, diretor do Unicef (agência da ONU para a infância) em Yogyakarta, disse que a ajuda que está chegando não é suficiente.
- Estamos numa corrida contra o relógio. Já é bastante difícil tentar ajudar 120 mil pessoas em dois dias.
Na noite de terça-feira (manhã no Brasil), o saldo oficial de vítimas chegou a 5.732 pessoas, segundo o Departamento de Assuntos Sociais do governo. Há estimativas de mais de 130 mil desabrigados, muitos dos quais sem comida suficiente.
Governo e entidades humanitárias disseram que as prioridades são água potável, tendas e assistência médica. A ONU está enviando nesta semana cem hospitais de campanha, tendas, produtos médicos e geradores.
O presidente do Banco Asiático de Desenvolvimento, Haruhiko Kuroda, disse que o governo da Indonésia aprendeu as lições do tsunami de 24 de dezembro de 2004, que matou 170 mil pessoas no país.
- Desta vez o governo foi muito rápido em reagir à necessidade - disse Kuroda, elogiando o rápido restabelecimento da eletricidade.
Mas, em muitos casos, isso de nada serviu. Na região de Bantul, há aldeias inteiras destruídas. Na pequena Prenggan, cercada por arrozais, as casas se transformaram em pilhas de madeira, tijolos e latão. Os sobreviventes usam o que estiver à mão para improvisar abrigos.
- Temos pouquíssima água e comida - disse o desabrigado Trimoseh. - Até agora não tivemos ajuda nenhuma. Mas não estamos bravos, apenas com fome. Vamos esperar a comida.
No superlotado hospital de Bantul, há vítimas em macas, bancos e colchões nos corredores. O ar é denso, com cheiro de fezes e desinfetante. A direção montou alas hospitalares improvisadas nos jardins.
Sob uma quente e úmida tenda do Exército estava Mohammad Yunus. Tem o pé e o tornozelo enfaixados - resultado do choque contra um fio elétrico ao fugir da sua casa, que estava desabando.
- Não senti nada quando o terremoto aconteceu. Só achei que tinha de salvar meus dois filhos. Consegui me jogar em cima deles quando o telhado estava caindo em cima da gente. Eles estão bem.
Nas ruas da cidade, o comerciante Muhadi, 55 anos, já retomou a venda de arroz na sua barraca.
- Ontem eu abri a loja. É melhor do que ficar em casa sem fazer nada, embora haja poucos compradores - afirmou.
O terremoto, que aconteceu no amanhecer de sábado, teve seu epicentro junto ao litoral do oceano Índico, perto de Yogyakarta.
O governo prometeu US$ 10,86 milhões para a assistência humanitária nos próximos três meses. A partir de agosto, começa um ano de reconstrução, a um custo de US$ 120 milhões.
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