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Mais de uma semana depois do terremoto e tsunamis que devastaram a cidade de Constitución, no sul do Chile, legistas da região acreditam que o número de mortes pelo desastre é menor que o temido inicialmente.

O governo chileno confirmou até o momento 497 mortos identificados em todo o país, mas o número de desaparecidos ainda é impreciso, especialmente em lugares como Constitución, 360 quilômetros ao sul da capital Santiago.

Ricardo Moreno, legista na cidade com 50.000 habitantes, disse à Reuters que foram identificados 85 corpos encontrados após o terremoto de magnitude 8,8 e os tsunamis posteriores que atingiram a região em 27 de fevereiro.

"Ficamos com a sensação de que o número de pessoas que pode aparecer no futuro não é tão alto como se esperava inicialmente", disse o legista.

O necrotério de Constitución, que recebe normalmente três cadáveres por mês, ficou lotado com 39 corpos somente no primeiro dia. As equipes de resgate encontraram um novo corpo nesta terça-feira, o primeiro em 48 horas.

Na delegacia da cidade foram registradas 23 denúncias de pessoas que não encontraram seus familiares. Apenas em quatro casos os corpos foram resgatados.

Um deles é Juan Gacitúa. O ex-marinheiro, de 55 anos, visitava frequentemente uma ilha em frente a Constitución que foi varrida pelos tsunamis. Inicialmente acreditava-se que o local teria centenas de mortos.

"Nunca ninguém pôde dar uma cifra aproximada real de quantas pessoas estavam na ilha", disse Moreno.

O legista, um cubano de 45 anos que vive no Chile, acrescentou que alguns pescadores da região conseguiram fazer duas ou três viagens para resgatar pessoas que estavam na ilha.

"Acho que a maioria das pessoas conseguiu escapar", disse.

O número de mortes causadas pelo pior desastre natural do Chile em 50 anos tem provocado confusão. O governo chegou a informar um número de 802 mortos, mas depois mudou de critério e passou a informar apenas as vítimas identificadas, 497 até agora.

Moreno afirmou que sua equipe de legistas sempre informou regularmente às autoridades sobre o número de mortos identificados em Constitución.

"Aqui nunca houve confusão com o número de vítimas. Essa confusão acontece em outro nível", afirmou.

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