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NOVA ORLEANS, Louisiana, e GULFPORT, Mississippi - Um dia depois da passagem do gigantesco furacão Katrina pela Louisiana, Mississippi, Alabama e Flórida, a sensação nas regiões mais afetadas do Sudeste dos EUA é de que o pior ainda está por vir. O quadro de catástrofe deixado pelos ventos e a chuva apenas começa a delinear-se, enquanto as águas ainda sobem em algumas áreas. Sobreviventes contam momentos de horror e muitos aguardam socorro no telhado de casas que estão debaixo de água. As mortes, somente no Mississippi, podem chegar a 80, enquanto Nova Orleans luta para controlar a invasão das águas.

A maior empresa de resseguros do mundo, a Munich Re, estimou o custo da tempestade para as seguradoras em US$ 15 bilhões a US$ 20 bilhões, preliminarmente. O furacão Andrew, de 1992, o mais custoso da História dos EUA, custou US$ 21 bilhões às seguradoras.

No Mississipi, onde 55 mortes estão confirmadas, o governo acredita que as vítimas podem chegar a 80. A maioria das mortes se concentra no condado de Harrison, onde estão as cidades de Biloxi e Gulfport, que enfrentaram os piores ventos da tempestade.

- Esta é a nossa tsunami - disse AJ Holloway, prefeito de Biloxi, comparando a devastação que vê na cidade ao maremoto que matou centenas de milhares no Sul da Ásia em dezembro.

O Katrina abateu-se sobre a Costa do Golfo na manhã de segunda-feira, com ventos de até 240 quilômetros por hora. Trinta mortes ocorreram num único prédio, no litoral de Biloxi, que foi parcialmente derrubado e inundado.

Jim Pollard, porta-voz do departamento de gerenciamento de emergências do condado de Harrison, disse a um jornal regional que as 30 pessoas que morreram o prédio de apartamentos foram afogadas ou esmagadas por destroços.

No Condado de Harrison, o Katrina trouxe à memória o catastrófico Camille, que devastou a mesma região em 1969. Foi um dos três únicos furacões de categoria cinco a atingir os EUA. Com ventos de 320 quilômetros por hora, o Camille matou 256 pessoas. Estimava-se que o Katrina seria o quarto furacão cinco dos EUA - o que não se cumpriu por muito pouco.

Na Louisiana, que sequer tem ainda uma contagem oficial de mortos, o prefeito de Nova Orleans disse que há corpos boiando à espera de resgate na cidade, que ficou 80% inundada. Rupturas em dois diques e uma falha no sistema de bombeamento fazem as águas continuarem subindo, numa cidade que fica 70% abaixo do nível do mar.

- A cidade de Nova Orleans está devastada. Provavelmente temos 80% de nossa cidade debaixo de água, com alguns setores mergulhados em água que chega a seis metros de profundidade. Ainda temos muitos de nossos moradores em cima de telhados. Os dois aeroportos estão debaixo de água - disse o prefeito, em entrevista à emissora de TV local WWL, na noite de segunda-feira.

Uma grande parte do Dique 17, da Canal Streeet, no centro da cidade, rompeu-se, abrindo caminho para as águas da Lagoa Pontchartrain em vários bairros. A brecha de 60 metros abriu-se no fim da manhã de segunda-feira, durante os ventos mais intensos.

- Há um vazamento sério e isso está fazendo a água continuar a subir - disse o prefeito Nagin.

Ao longo da madrugada desta terça-feira, enquanto as águas continuaram subindo, várias pessoas tiveram que ser retiradas de suas casas. O Quarteirão Francês, região histórica da cidade, e o distrito comercial foram inundados, mas não com a mesma gravidade de outras áreas.

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