Mosquito banqueteia-se com sangue humano| Foto: Stewart Gould/Divulgação

A situação não podia ser mais romântica: o mosquito macho está voando como quem não quer nada, emitindo seu zumbido tradicional, quando escuta o som produzido por uma fêmea. O barulho que emitem está em "notas" diferentes, mas ao se ouvirem eles se afinam um com o outro, passando a "cantar" em uníssono. Segundo um novo estudo, é assim que começa o namoro entre dois Aedes aegypti, os temidos transmissores da dengue e da febre amarela.

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A parceria musical entre os vilões foi esmiuçada por uma equipe sob a batuta de Ronald Hoy, do Departamento de Neurobiologia e Comportamento da Universidade Cornell (EUA). Em artigo na revista especializada americana "Science", Hoy e companhia relatam uma série de experimentos, os quais põem por terra o mito de que as "mosquitas" eram surdas. Além disso, eles verificaram que fêmeas não-virgens têm menos tendência a fazer duetos com machos, o que pode ajudar a controlar a reprodução indesejada da espécie.

Outro mito derrubado pela pesquisa é de que os "ouvidos" dos mosquitos (na verdade formados pelas antenas e por um aparato associado, o órgão de Johnston) só conseguem escutar sons de frequência abaixo de 800 Hz. Na verdade, o dueto apaixonado acontece numa frequência bastante acima, de 1.200 Hz.

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Cachorrinho

O principal experimento envolveu colocar uma espécie de coleira nos casais de Aedes aegypti, mas com uma corda relativamente comprida, que lhes permitia voar. Isso é importante porque o "canto" dos insetos na verdade é emitido por seu bater de asas.

Depois, com o macho amarrado em seu canto, a fêmea era carregada pelos pesquisadores até ele, passando na frente do potencial parceiro. Normalmente, a frequência do som deles é diferente: 400 Hz para as fêmeas e 600 Hz para os machos. No entanto, quando um se aproximava do outro, os dois faziam essa frequencia pular para 1.200 Hz. Se estavam sozinhos, os bichos nunca chegavam a esse nível, mostrando que se trata mesmo de uma "frequencia privativa" para o namoro.

No entanto, como fêmeas que já tinham perdido a virgindade quase sempre ignoravam os apelos dos machos, isso sugere a viabilidade de uma estratégia muito discutida para controlar a espécie. Imaginando a criação de machos estéreis em laboratório e sua liberação na natureza, as fêmeas jovens que se acasalarem com eles terão bem menos chance de se reproduzir de verdade.

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