Cientistas britânicos criaram um mosquito geneticamente modificado que, por transmitir um gene assassino, pode eliminar a população de insetos causadores da dengue.
A empresa chamada Oxitec fez um pequeno teste de campo nas ilhas Cayman, no Caribe. Liberando na natureza 3 milhões de mosquitos geneticamente modificados, reduziram em 80 por cento a população de mosquitos "Aedes aegypti" num prazo de seis meses numa pequena área.
A dengue, doença que pode ser letal e é endêmica em vários países, inclusive no Brasil, é transmitida pela picada da fêmea do mosquito. "A ideia é que soltando machos estéreis eles vão acasalar com as fêmeas selvagens", disse Luke Alphey, cientista-chefe e cofundador da Oxitec.
"Uma das principais vantagens é que os machos buscam ativamente as fêmeas - eles são programados para isso."
O resultado desse acasalamento gera larvas que morrem antes ou logo depois de atingirem a maturidade como mosquitos. Por causa da alteração genética, os mosquitos só sobrevivem se forem tratados com o antibiótico tetraciclina.
Dessa forma, é possível administrar o "antídoto" a eles em laboratório, criando grandes populações de machos com essa alteração do DNA. "Quando soltamos os machos na natureza e eles se acasalam com as fêmeas, toda a prole herda uma cópia do gene que os mata se não receberem o antídoto", disse Alphey.
A Organização Mundial da Saúde estima que haja 50 milhões de casos de dengue por ano no mundo, dos quais 25 mil sejam fatais. Não há vacina nem tratamento eficaz, e especialistas dizem que é urgente encontrar novas formas de conter a difusão da doença, cuja incidência global cresceu fortemente nas últimas décadas.
Angela Harris, da Unidade de Pesquisa e Controle de Mosquitos das ilhas Cayman, se disse muito animada com os resultados do teste, realizado de abril a outubro. "Um dos principais problemas da dengue é que não há cura, não há vacina e não há drogas que você possa tomar para evitá-la ou sarar. Então o único controle (...) é matar os mosquitos e assegurar que eles não estejam lá para transmitir o vírus."
Alphey disse que a Oxitec, com sede em Oxford, está negociando com autoridades de vários países, inclusive Brasil, Malásia e Panamá, para realizar testes mais amplos.
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