Cairo - O secretário-geral da Liga Árabe, Amr Moussa, afirmou neste domingo que vai concorrer à eleição presidencial deste ano no Egito. A declaração de Moussa foi feita um dia depois de um painel de reforma constitucional indicado pelos comandantes militares do Egito ter recomendado reformas abrangentes que relaxam as regras de eligibilidade para aqueles que se qualificam para disputar a Presidência.
As mudanças, se adotadas em um referendo nacional, abrirão a eleição presidencial do Egito para a competição e adotarão um limite de dois mandatos para futuros presidentes uma mudança dramática em relação ao sistema que permitiu que o presidente Hosni Mubarak comandasse o país por três décadas.
Moussa disse a repórteres que as alterações ainda estão em discussão, mas ressaltou que nenhum cidadão egípcio pode concorrer à Presidência do país agora. "Se Deus quiser, vou ser um deles", acrescentou.
Perguntado se estava planejando concorrer como independente ou aderir a um partido político, Moussa disse: "este é um detalhe de que vamos tratar mais tarde".
O secretário-geral da Liga Árabe tem uma grande popularidade no Egito, amplamente por causa de suas rigorosas críticas a Israel, um país considerado pela maioria dos egípcios como inimigo apesar do tratado de paz de 1979 entre os dois vizinhos.
Durante a insurreição pró-democracia de 18 dias que obrigou Mubarak a renunciar à Presidência do Egito no dia 11 de fevereiro, Moussa visitou a Tahrir Square, a praça central do Cairo e epicentro dos protestos. Sua visita foi considerada como um teste de sua popularidade. O comboio de Moussa foi recebido com gritos de "Nós queremos você como presidente!"
Antes de tornar-se o secretário-geral da Liga Árabe em 2011 Moussa foi ministro das Relações Exteriores do Egito por dez anos.
Ajuda
Lynn Pascoe, vice-secretário para Assuntos Políticos da Organização das Nações Unidas (ONU), declarou neste domingo, no Cairo, que a ONU pretende auxiliar o Egito a conseguir uma transição que se apresenta como "difícil" depois da partida do presidente Hosni Mubarak. "A transição deve ser completa tanto no plano econômico como político, cada uma dessas duas vias tem um impacto sobre a outra", declarou Pascoe à imprensa. O vice-secretário afirmou que se reuniu com membros do governo, a cargo dos temas correntes, e com atores da sociedade civil, mas não com membros do Conselho Supremo das Forças Armadas, a cargo da direção do país desde 11 de fevereiro.
Mudanças
O Conselho Militar do Egito revelou, no sábado, uma série de propostas de mudanças constitucionais, que incluem a adoção de limites nos mandatos presidenciais de dois anos a quatro anos.
As mudanças propostas buscam relaxar as restrições sobre a elegibilidade de candidatos presidenciais, proibir julgamentos de civis em tribunais militares e acabar com uma lei da era Mubarak, que permitiu que seu Partido Nacional Democrático (PND) supervisionasse a eleição.