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Manifestantes andam ao longo do recentemente renomeado Black Lives Matter Plaza com cartazes perto da Casa Branca, em 6 de junho de 2020 em Washington, DC.
Manifestantes andam ao longo do recentemente renomeado Black Lives Matter Plaza com cartazes perto da Casa Branca, em 6 de junho de 2020 em Washington, DC.| Foto: Samuel Corum / Getty Images / AFP

Os protestos decorrentes da morte de George Floyd continuaram a aparecer no mundo todo. Em 25 de maio, Floyd, um negro americano, de mais de 40 anos, acabou desmaiando depois que um policial apoiou o joelho no pescoço dele durante quase nove minutos, vindo a morrer antes de chegar ao hospital.

Isso desencadeou uma série de protestos com o mote Black Lives Matter [Vidas Negras Importam] que se alastrou pelas principais cidades dos EUA e que neste sábado começou a ganhar o mundo.

Reino Unido

No Reino Unido, milhares de pessoas participaram dos protestos nas maiores cidades da ilha, mesmo com as restrições em voga contra o contágio do coronavírus. Em Londres, os manifestantes se reuniram na Praça do Parlamento e avançaram em direção Parque St. James.

Foi possível ver algumas placas em que se expressavam mensagens de apoio a Floyd e que também se podia ler "O Reino Unido também é culpado", em referência aos casos de descriminação racial que ocorrem no país.

O britânico Anthony Joshua, campeão mundial dos pesos pesados, versão Associação Mundial, Federação Internacional e Organização Mundial de Boxe, também participou do movimento.

Joshua comparou o racismo à atual pandemia da Covid-19 que assola o mundo. "O vírus foi declarado uma pandemia", afirmou. "Isso está fora de controle. E não estou falando da Covid-19. O vírus de que estou falando se chama racismo. Estamos juntos contra um vírus que foi fundamental para tirar vidas. Leva a vida de jovens, velhos, ricos, pobres. É um vírus que não se arrepende e que se espalha em todos os setores".

Quando o grupo passou em frente à Downing Street 10, a rua que dá acesso à casa do Primeiro Ministro, alguns manifestantes arremessaram objetos em direção a grade que isola a casa do Premiê da via pública. A polícia rapidamente montou uma linha de proteção, mas um sinalizador conseguiu passar pela grade.

Um policial se feriu ao cair de seu cavalo durante o confronto dos manifestantes com a polícia montada. A Polícia Metropolitana confirmou que até as 17h, quatro prisões haviam sido feitas, no entanto, os oficiais procuravam manter distância dos manifestantes no início do dia, com a agitação começando a surgir logo após às 17h.

França

Na França, segundo o Ministério do Interior, cerca de 23.300 pessoas se manifestaram pelo país. Destas, 5.500 só em Paris.

Famílias de vítimas de violência policial reuniram-se em um grupo e se organizaram para marchar neste sábado no Champ-de-Mars, "respeitando o distanciamento social, para tirar uma foto em frente à Torre Eiffel" com as hashtags #laissenousrespirer, #justicepourtouteslesvictimes e #pasdejusticepasdepaix [deixem-nos respirar, justiça para todas as vítimas e sem justiça, sem paz: slogans que estão sendo utilizados internacionalmente pelos manifestantes]. Os organizadores pediram "ampliar o movimento internacional de solidariedade contra a impunidade da polícia".

Já na terça-feira, uma manifestação proibida pela polícia de Paris reuniu pelo menos 20.000 pessoas na capital, em apoio à família de Adama Traoré, um jovem negro que morreu em 2016 após sua prisão pelos gendarmes [força de ordem mais ou menos equivalente à polícia militar].

Dada a disseminação dos protestos, Christophe Castaner, Ministro do Interior, decidiu solicitar a intervenção da justiça, a fim de "investigar" a disseminação de mensagens e comportamentos expressamente racistas entre grupos minoritários de polícia e gendarmes.

Estados Unidos

Certamente as maiores concentrações ocorreram nos EUA, onde a questão se originou.

Em Washington, capital federal, milhares de manifestantes bloquearam todo o centro da cidade. Eles se espalharam por cinco quilômetros na 16th Street, que termina diretamente na colunata da frente da Casa Branca, claramente visível da residência do presidente Donald Trump.

A capital dos EUA conseguiu conter a onda de destruição que ocorreu em algumas cidades, nos dias anteriores. Em grande parte porque Trump usou a Guarda Nacional para intimidar os manifestantes.

Isso o fez entrar em rota de colisão com a prefeita da cidade Muriel Bowser, do partido democrata, que não quer forças federais atuando na sua cidade. A prefeita apoia o movimento Black Lives Matter.

Contudo, as manifestações que começaram em todo o país como erupções espontâneas de indignação com a violência policial parecem ter mudado no sábado a um movimento nacional de protesto em massa contra o racismo. Dessa vez, marcado mais por organização e determinação do que por fúria nas ruas.

Em Nova York, milhares de pessoas se reuniram perto do canto noroeste do Central Park em uma manifestação chamada "A Marcha pelos Sonhos Roubados e Vidas Roubadas".

A maior concentração de pessoas, no entanto, parece ter ocorrido na Filadélfia. Os manifestantes reuniram-se perto do Museu de Arte da Filadélfia e de seus famosos degraus do filme Rocky antes de partirem para a área da prefeitura, com a fila de manifestantes se estendendo por vários quarteirões ao longo da arborizada Benjamin Franklin Parkway.

Houve manifestações espontâneas em todo o país, de São Francisco a Miami. Ao todo, centenas de milhares de pessoas protestaram em todo o país.

Outros Países

Na austrália, cerca de 10.000 pessoas se reuniram no centro de Sydney no sábado, depois que um tribunal anulou uma liminar anterior que julgou ilegal qualquer protesto lá por causa de restrições de distância social. Manifestações semelhantes ocorreram em Brisbane, Melbourne e Adelaide, com manifestantes agitando faixas e cantando "vidas negras são importantes".

Os manifestantes que protestavam em frente à prefeitura de Sydney pediam justiça a David Dungay, um aborígine que morreu em uma prisão de Sydney em 2015. Seu caso foi considerado paralelo com a morte de George Floyd nas mãos da polícia dos EUA.

Em Berlim, na Alemanha, manifestantes lotaram a Alexanderplatz. Também foram registrados protestos de tamanho menor no Japão e na Coreia do Sul.

  • Manifestantes seguram cartazes enquanto assistem a uma manifestação na Praça do Parlamento, no centro de Londres, em 6 de junho de 2020, para mostrar solidariedade ao movimento Black Lives Matter. (DANIEL LEAL-OLIVAS / AFP)
  • Manifestantes se estendem por mais de cinco quarteirões, de Scott Circle NW a H Street NW, durante manifestações pela morte de George Floyd perto da Casa Branca em 6 de junho de 2020 em Washington, EUA. (Samuel Corum / Getty Images / AFP)
  • Pilomena Wankenge do DC Freedom Fighters agita uma bandeira americana para uma multidão reunida no John A. Wilson Building durante protesto contra a em 6 de junho de 2020 em Washington. (Chip Somodevilla / Getty Images / AFP)
  • Pessoas se reúnem no Champ de Mars, em Paris, em 6 de junho de 2020, como parte dos protestos mundiais do "Black Lives Matter". A polícia proibiu o comício em frente à Torre Eiffel hoje, dizendo que os eventos foram organizados através das redes sociais sem aviso ou consulta oficial (GEOFFROY VAN DER HASSELT / AFP)
  • Manifestantes mantêm cartazes na praça Alexanderplatz durante uma manifestação em solidariedade aos protestos que ocorreram nos EUA pela morte de George Floyd em 6 de junho de 2020 em Berlim. (Tobias SCHWARZ / AFP)
  • Pessoas levantam os punhos do lado de fora da Prefeitura de Atlanta durante um protesto pela morte de George Floyd em Atlanta, Estados Unidos. (Elijah Nouvelage / Getty Images / AFP)
  • Manifestantes protestam contra a brutalidade policial perto da mansão do governador após a morte de George Floyd em 6 de junho de 2020 em St. Paul, Minnesota. (Scott Olson / Getty Images / AFP)
  • Uma mulher segura uma placa enquanto manifestantes e apoiadores do Black Lives Matter bloqueiam um cruzamento do lado de fora do Federal Building na movimentada Av. Wilshire enquanto se manifestam contra a morte de George Floyd, em Westwood, Califórnia, em 6 de junho de 2020. (Mark RALSTON / AFP)
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