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O procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, aliado do ditador Nicolás Maduro, disse nesta sexta-feira (27) que o gendarme argentino Nahuel Agustín Gallo, preso na semana retrasada no país caribenho, está sendo processado por acusações de planejar “ações terroristas” em território venezuelano.
Em comunicado divulgado no Instagram, Saab afirmou que Gallo foi detido “por ter tentado entrar irregularmente na República Bolivariana da Venezuela, ocultando seu verdadeiro plano criminoso sob o disfarce de uma visita sentimental” – numa referência à informação do governo da Argentina de que o gendarme viajou à Venezuela para visitar a namorada.
“Neste sentido, o referido cidadão está sujeito à respectiva investigação pela sua ligação com um grupo de pessoas que tentou a partir do nosso território e com o apoio de grupos internacionais de extrema direita levar a cabo uma série de ações desestabilizadoras e terroristas”, alegou o procurador.
Saab também fez referência a uma decisão de segunda-feira (23) da Justiça Federal de Mendoza, na Argentina, que determinou que seja enviada uma notificação por via diplomática à Venezuela para que preste informações sobre a situação de Gallo e que seja aberta uma ação criminal na Argentina sobre o assunto por desaparecimento forçado.
“As declarações e ações do governo argentino, valendo-se dos familiares dos acusados, bem como a resolução judicial tomada pelo Tribunal Federal de Mendoza, deixam clara a cumplicidade das autoridades daquela nação nos planos subversivos que buscam atacar por qualquer meio o Estado venezuelano e suas instituições legítimas”, acrescentou Saab.
Na quinta-feira (26), o governo da Argentina apresentou uma denúncia à Justiça contra o embaixador do país na Venezuela durante a gestão Alberto Fernández (2019-2023), Oscar Laborde, por acusação de “traição à pátria”.
O Ministério da Segurança Nacional afirmou que Laborde realizou sem autorização negociações junto à ditadura da Venezuela relativas à prisão de Gallo e que o ex-embaixador busca colaborar com o regime de Maduro, ao “sustentar a justificativa” do chavismo para a detenção do gendarme.
Nesta sexta-feira, segundo o jornal Clarín, a ministra da Segurança, Patricia Bullrich, se encontrou com familiares de Gallo na Argentina.
Pouco depois, em entrevista coletiva, ela e o ministro das Relações Exteriores da Argentina, Gerardo Werthein, criticaram Saab.
“A Argentina está fazendo todos os esforços para pôr fim a isso, que é uma grande mentira, uma grande falácia, de um jovem membro da família que trabalha na Gendarmaria, e tudo o mais é uma fabricação horrível”, declarou, segundo informações da agência EFE.