Um tribunal do Cairo decidiu nesta segunda-feira combinar os julgamentos do ex-presidente do Egito, Hosni Mubarak, e do ex-ministro do Interior, Habib el-Adly. Ambos irão a julgamento em 3 de agosto, acusados de terem ordenado que a polícia e as forças de segurança disparassem contra os manifestantes. O julgamento de Mubarak, El-Adly e outras seis personalidades do antigo regime foi marcados hoje em uma tumultuada audiência. O promotor Abdel-Salam Gomaa também decidiu incluir os casos de corrupção contra Mubarak e seus dois filhos, Gamal e Alaa, no mesmo julgamento. Cerca de 850 pessoas foram mortas durante a rebelião popular entre 25 de janeiro e 11 de fevereiro, que derrubou Mubarak.
Levar à Justiça os responsáveis pelas matanças de manifestantes e também os acusados de corrupção é uma das demandas mais importantes para a oposição egípcia e os ativistas, que recentemente ampliaram as manifestações contra a junta militar que passou a governar o país após 11 de fevereiro. A oposição acusa a junta de paralisar as acusações contra Mubarak e as figuras do antigo regime.
Centenas de manifestantes passaram a acampar na praça Tahrir do Cairo em 8 de julho, exigindo agilidade nos processos judiciais contra Mubarak e os ex-funcionários.
Se condenados nas acusações pelas mortes, Mubarak, de 83 anos, El-Adly e outros seis ex-funcionários poderão ser sentenciados à morte. Mubarak está desde fevereiro em prisão domiciliar no resort de Sharm el-Sheikh, no Mar Vermelho. Os filhos do ex-mandatário estão detidos numa prisão do Cairo, enquanto El-Adly já cumpre uma sentença de 12 anos de prisão por corrupção. El-Adly era responsável por uma enorme força de 500 mil policiais, alguns dos quais são acusados das piores atrocidades durante os 29 anos de governo autoritário de Mubarak.
O empresário Hussein Salem, um confidente e amigo de Mubarak, também será julgado no caso de corrupção. Salem está foragido na Espanha e as autoridades egípcias pediram a Madri a extradição do empresário. Salem é acusado de usar sua amizade com Mubarak para obter ganhos ilegais no mercado imobiliário, comprando propriedades e terras do governo a preços menores que a média e obter lucrativos contratos de obras estatais sem licitação.
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