O ex-presidente egípcio Hosni Mubarak voltou nesta quinta-feira ao tribunal que o julga pela morte de manifestantes em janeiro, e que na véspera convocou autoridades de alto escalão para deporem na semana que vem no processo.
O marechal Mohamed Hussein Tantawi, que foi ministro da Defesa de Mubarak durante 20 anos e agora dirige o Conselho Militar que governa o Egito, foi um dos intimados para prestar depoimento a portas fechadas - sigilo que pode irritar muitos egípcios que exigem mais transparência no processo.
O juiz Ahmed Refaat disse que o tribunal, que já realizou quatro sessões desde 3 de agosto, terá audiências diárias na semana que vem para acelerar o processo contra Mubarak, acusado de conspirar para matar manifestantes e incitar alguns oficiais militares a usarem munição real. Ele se diz totalmente inocente.
O magistrado surpreendeu o tribunal ao final da audiência de quarta-feira ao convocar Tantawi, o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, Sami Enan, o ex-chefe de inteligência Omar Suleiman e o ministro do Interior, Mansour el Essawy. Tantawi irá depor em 11 de setembro.
Refaat disse que os funcionários deporão a portas fechadas por razões de segurança nacional. Esses depoimentos podem ser decisivos para o processo.
"A decisão de intimar o marechal Tantawi e outros é certamente algo bom, mas a sessão precisa ser pública para que seja justa", disse o ativista Mohamed Adel, que participou dos protestos que derrubaram Mubarak.
Policiais convocados nesta semana pela promotoria sugeriram que nem Mubarak nem o seu ministro do Interior, Habib al Adli, ordenaram que eles atirassem nos manifestantes. Duas testemunhas disseram que receberam orientações para ter "comedimento".
Isso irritou advogados das famílias de alguns dos 850 mortos nos protestos, segundo os quais os policiais mentiram em juízo. Refaat, no entanto, rejeitou uma petição da promotoria para abrir processo por falso testemunho contra uma das testemunhas.
Como nas quatro audiências anteriores do julgamento, que começou em 3 de agosto, Mubarak foi levado de helicóptero ao tribunal e ficou instalado em uma maca no plenário. O ex-presidente, de 83 anos, está hospitalizado desde abril, quando foi interrogado pela primeira vez.
Ele é julgado ao lado de seus filhos Alaa e Gamal, de Habib al Adli, que foi seu ministro do Interior, e de seis policiais.
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