Os muçulmanos europeus enfrentam um alto grau de discriminação nas escolas, no setor habitacional e ao procurarem empregos, o que pode afastá-los do centro da sociedade, afirmou um relatório da União Européia divulgado na segunda-feira.

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Essa camada da população reconheceu, porém, que poderia se esforçar mais para integrar-se, acrescentou o documento.

O estudo, realizado pelo Centro de Monitoramento do Racismo e da Xenofobia, é o primeiro a tratar dos muçulmanos em toda a UE e surge junto com uma atenção redobrada em relação aos muçulmanos devido ao terrorismo e à crescente onda migratória vinda do mundo islâmico.

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Intitulado ``Muçulmanos na União Européia - Discriminação e Islamofobia'', o relatório de 115 páginas vem acompanhado de entrevistas com vários muçulmanos jovens descrevendo suas experiências de marginalização mesmo quando são cidadãos europeus nascidos dentro do bloco.

``Uma pergunta que ouvi muitas vezes é: 'Quando você vai voltar?'. Eu respondo: 'Nasci em Roterdã. Para onde eu deveria ir?'. Essa é uma pergunta muito dolorosa e faz a gente se sentir estrangeiro, nos faz perceber que somos estrangeiros em algum momento'', afirmou uma muçulmana holandesa.

A UE possui 15 milhões de muçulmanos e esse é o segundo maior grupo religioso do bloco composto por 25 países.

Apresentando várias pesquisas e estudos realizados em muitas nações da UE, o relatório disse que um grande número de muçulmanos, especialmente os mais jovens, enfrenta barreiras ao tentar progredir socialmente, alimentando ``sentimentos de desamparo e exclusão''.

A ``islamofobia'', a tendência cada vez mais arraigada de associar os muçulmanos em geral com atos terroristas realizados por alguns poucos, aparecia entrelaçada com a xenofobia previamente existente e alimentava a discriminação em várias dimensões sociais, afirmou o documento.

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``Dados analisados mostram que os muçulmanos europeus ocupam, de forma desproporcional, moradias nos locais mais pobres, obtêm um desempenho escolar abaixo da média e enfrentam taxas de desemprego mais altas do que a média.''

Tais problemas foram apontados como as causas dos distúrbios ocorridos recentemente em bairros pobres de grandes cidades francesas e dos casos de violência verificados em escolas britânicas.

Véu barra acessos

Os entrevistados foram quase unânimes ao dizerem que as muçulmanas que usam véu na cabeça tinham as maiores dificuldades para conseguir emprego, afirmando que muitos dos empregados temiam que elas espantassem os clientes.

Na Holanda, alguns muçulmanos jovens disseram terem sido colocados em classes divididas segundo critérios étnicos e terem sido classificados como ``estrangeiros'', mesmo que nascidos holandeses.

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Um alemão de ascendência turca contou que, em uma aula, um professor descreveu como as forças otomonas chegaram às portas de Viena.

``Ele disse: 'Graças a Deus, nós os derrotamos ou vocês teriam tido muitos problemas'. Ele olhou para os meninos (da sala) e disse: 'Todos vocês teriam sido circuncidados'. Aí, ele olhou para as meninas e disse: 'Vocês teriam todas de usar véus na cabeça'.''

``Quando voltei para casa, fiquei me sentindo culpado por ter minhas raízes em uma cultura tão ruim'', afirmou o jovem entrevistado.

Segundo o relatório, os atos de islamofobia são predominantemente verbais, e não físicos. E continuam a não ser denunciados, o que dificulta os esforços para adotar eficientes medidas de combate ao problema.

De outro lado, os muçulmanos consideram que podem agir com mais determinação para ajudarem a si mesmos.

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``Entrevistas mostram que muitos muçulmanos jovens reconhecem que precisam se esforçar a fim de se integrarem, que precisam assumir maiores responsabilidades por sua integração, que precisam deixar de olhar só para si mesmos'', afirmou o documento.

Nas entrevistas, alguns muçulmanos contaram que suas mesquitas não estavam tratando de assuntos atuais na sociedade secular européia, tais como relações amorosas, sexualidade e drogas.

``Os imãs não são capazes de nos dar as respostas certas. Eles dizem: 'Não, segundo nossa tradição e nossa cultura, vocês não deveriam participar de um jantar ou de uma festa'. Mas eles não percebem que, quando a gente não faz isso, a gente se transforma na única pessoa a não participar do grupo, e a gente nunca vai se unir a esse grupo'', afirmou um adolescente da Holanda.

O documento pediu aos dirigentes da UE que cumpram plenamente as diretrizes antidiscriminação do bloco, que preparem seus policiais para lidar com diferentes grupos étnicos, que garantam a integração étnica nas escolas e que encorajem os meios de comunicação a não estigmatizarem os muçulmanos.