Cairo – Líderes muçulmanos do Oriente Médio manifestaram ontem diferentes reações depois das declarações do Papa Bento XVI. O líder da Irmandade Muçulmana, maior grupo islâmico egípcio, Mohammed Mahdi Akef, disse em discurso que as relações políticas entre os grupos islâmicos e cristãos devem permanecer "boas, civilizadas e cooperativas".

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"O ódio pelo discurso do Papa não deve perdurar, pois ele é o líder da comunidade católica no mundo, mas muitos europeus não seguem o que ele diz. Então o que ele disser não vai influenciá-los", disse Akef.

Já Mahmoud Ashour, deputado do Cairo, disse que a retratação do Papa não foi suficiente. "Ele deveria ter se desculpado por ter insultado as crenças do Islã. Ele deve se desculpar de um jeito sincero e dizer que sente muito pelo erro", disse Ashour à TV Al-Arabiya.

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O presidente da Indonésia, Susilo Bambang Yudhoyono, lamentou as declarações do Papa, mas pediu à comunidade muçulmana de seu país que não atue "de forma inadequada" perante a polêmica.

O governo argelino, por sua vez, afirmou que as manifestações de Bento XVI são "um modo de semear o rancor e a humilhação". "A responsabilidade que incumbe ao Papa exige que promova a aproximação entre os povos", disse um porta-voz do ministério, que questionou "como um personagem que assume uma responsabilidade de tamanha importância pode ignorar os conceitos do Islã evocados no Corão".

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, fez um chamado aos líderes mundiais de todas as fés a favor da "moderação e da responsabilidade" para evitar tensões. "Sabemos quão sensível é essa questão. Acho que seria correto chamar os líderes das confissões religiosas mundiais à moderação e responsabilidade", disse Putin.

Enquanto isso, palestinos atiraram bombas em cinco igrejas na Faixa de Gaza ontem em protesto aos comentários do papa. Na cidade de Tulkarem, na Cisjordânia, uma igreja construída há 70 anos foi incendiada e seu interior, destruído. Na aldeia de Tubas, uma capela foi atacada com bombas e parcialmente incendiada.

No sábado, várias bombas incendiárias foram lançadas contra duas igrejas na cidade de Nablus, na Cisjordânia. O grupo que assumiu a autoria do ataque o classificou como um protesto contra as palavras do papa. Nenhuma das bombas causou danos materiais mais graves do que manchas de queimado em paredes e janelas.

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