| Foto: Antonio Costa/Gazeta do Povo

Manifestantes muçulmanos indignados com um filme ofensivo ao profeta Maomé enfrentaram a polícia na segunda-feira (17) em várias cidades da Ásia, direcionando sua fúria contra os Estados Unidos por terem permitido a realização e difusão das imagens. A polícia fez disparos para cima na tentativa de dissolver a multidão que cercava o consulado dos EUA em Karachi, no Paquistão. No Afeganistão e na Indonésia, muçulmanos queimaram bandeiras dos EUA e gritaram "morte à América".

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Em Jacarta, capital da Indonésia, mais populosa nação islâmica do mundo, a polícia usou gás lacrimogêneo e jatos de água para dispersar centenas de manifestantes em frente à embaixada dos EUA. Em Cabul, os manifestantes incendiaram carros e lojas, e apedrejaram a polícia. "Vamos defender nosso profeta até termos sangue sobre nossos corpos. Não vamos deixar ninguém insultá-lo", disse um manifestante. "Os norte-americanos vão pagar por sua desonra."

Milhares também saíram numa passeata em Beirute, onde o líder do Hezbollah acusou agências de espionagem norte-americanas de estarem por trás dos fatos que desencadearam a atual onda de sentimento antiocidental no mundo islâmico.

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Desde terça-feira passada, vários países islâmicos têm tido protestos antiamericanos por causa do filme semiamador que retrata Maomé como mulherengo, homossexual e abusador de crianças. Trechos do filme estão sendo divulgados pela internet, sob vários nomes, inclusive "A Inocência dos Muçulmanos".

A situação abriu uma crise internacional em meio à reta final da campanha presidencial nos EUA. O governo norte-americano qualificou o filme de "repreensível", mas disse que, por causa do direito constitucional à liberdade de expressão, nada pode fazer para coibir sua distribuição, como pedem os manifestantes.

A Casa Branca disse que o presidente Barack Obama conversou com diplomatas dos EUA por telefone no fim de semana para prometer apoio e proteção. Na semana passada, o embaixador dos EUA na Líbia e três outros funcionários diplomáticos foram mortos durante uma invasão de manifestantes no consulado do país em Benghazi, no leste da Líbia.

Os novos protestos da segunda-feira mostram que a revolta por causa do filme está longe de terminar, apesar do apelo por calma feito no fim de semana pelo principal clérigo islâmico da Arábia Saudita, país que é o berço da religião muçulmana.

O Paquistão decidiu tirar o YouTube do ar no país, por causa da recusa do site em remover os vídeos que causaram os distúrbios. Em Beirute, o dirigente máximo do Hezbollah, xeique Hassan Nasrallah, disse que a eventual divulgação do filme na íntegra irá agravar a situação, e que os EUA devem ser responsabilizados por isso.

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O Irã também condenou a realização do filme, e prometeu punir seus responsáveis. "Certamente (o governo) vai procurar, localizar e perseguir essa pessoa culpada por insultar 1,5 bilhão de muçulmanos no mundo", disse o vice-presidente Mohammad Reza Rahimi numa reunião ministerial. Autoridades iranianas exigiram um pedido de desculpas dos EUA pelo filme, dizendo que ele é parte de uma série de insultos ocidentais contra figuras sagradas do islamismo.

Não se sabe quem realizou o filme. Os trechos divulgados na internet identificam o diretor como Sam Bacile, mas duas pessoas ligadas à produção disseram que provavelmente se trata de um pseudônimo.