O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, disse neste domingo (30) ter ouvido do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) que a mudança da embaixada brasileira naquele país para Jerusalém é questão de tempo. A medida havia sido anunciada por Bolsonaro durante a campanha.
“Bolsonaro me disse que a mudança da embaixada não é questão de ‘se’ e sim questão de ‘quando’“, afirmou, em encontro com a comunidade judaica no Rio.
Os dois se encontraram na sexta (28) para iniciar conversas sobre parcerias comerciais.
A mudança do local da embaixada é polêmica por desagradar países muçulmanos, que também consideram Jerusalém como cidade sagrada.
Ao prometer a medida, Bolsonaro segue o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o primeiro a anunciar a mudança de local.
Como integrante do BRICs, o Brasil assinou em 2017 documento que defendia que as discussões sobre a capital de Israel fossem parte de negociações sobre acordo de paz entre Israel e Palestina.
Bolsonaro, porém, vem mostrando desejo de aproximação com o governo daquele país desde a campanha.
Em encontro com jornalistas no hotel, disse estar emocionado e empolgado com as possibilidades de parceria. Israel espera aproximação econômica e maior alinhamento em discussões em organismos multilaterais - incluindo questões que envolvem o conflito árabe-israelense.
Parlamentares criticam intenção de Bolsonaro
A intenção de Bolsonaro de mudar a embaixada do Brasil em Israel de Tel-Aviv para Jerusalém gerou críticas entre parlamentares de partidos ligados ao novo governo.
Pelas redes sociais, políticos disseram que a medida pode trazer efeitos econômicos negativos para o País e fazer com que o Brasil se torne alvo de terrorismo.
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Logo em seguida ao anúncio do embaixador, o deputado Felipe Maia (DEM-RN) reagiu à polêmica.
“O Brasil está mexendo com uma bomba armada, além do que, o Brasil é signatário de um acordo na ONU que estabelece que a capital de Israel é Tel Aviv. Estamos chovendo no molhado”, escreveu o deputado em sua conta no Twitter, em resposta ao senador Ciro Nogueira (PP-PI).
“Considero grave erro da diplomacia brasileira a opção por lado na disputa árabe-israelense. Temos histórico de boas relações multilaterais e dar prioridade a um país em detrimento de outros pode trazer prejuízos econômicos, além de risco de o Brasil virar foco do terrorismo”, declarou Nogueira na mesma rede social, no sábado (29).
Apoio de evangélicos
A mudança foi apoiada por defensores de Bolsonaro, como o senador Magno Malta (PR-ES). Evangélico, Malta declarou que reconhecer Jerusalém como capital de Israel faz “justiça” ao país e é o cumprimento de uma profecia.
O pastor Silas Malafaia, líder da igreja Assembleia de Deus Vitória em Cristo, afirmou que o apoio eleitoral da comunidade evangélica a Bolsonaro só ocorreu por causa do apoio do capitão da reserva a Israel.
“Jerusalém é a eterna e indivisível capital de Israel”, disse Malafaia, ao chegar para um encontro de líderes religiosos cristãos com Netanyahu, no hotel em que o premiê está hospedado, no Rio.
Segundo o pastor, não haveria apoio da comunidade evangélica a Bolsonaro sem a agenda pró-Israel. “Nosso apoio a Bolsonaro é resultado de ele apoiar Israel”, afirmou Malafaia.
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O prefeito do Rio, Marcelo Crivella (PRB), pastor licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd), abriu o encontro com Netanyahu.
“Não tenho palavras para descrever o que Israel representa para nós. Rezemos pelo seu país todos os dias”, afirmou Crivella, se dirigindo para o premiê israelense.
O líder da Iurd e tio de Crivella, bispo Edir Macedo, anunciou apoio formal a Bolsonaro durante a campanha eleitoral.
O cardeal-arcebispo do Rio, d. Orani Tempesta, também está no encontro. No discurso aos líderes cristãos, Netanyahu ressaltou que Israel é o único país no Oriente Médio que é seguro para cristãos.
“Não temos melhores amigos no mundo do que a comunidade evangélica. E a comunidade evangélica não tem melhor amigo do que Israel”, afirmou o premiê.