O deserto de Borrego, na Califórnia, região que pode se tornar ainda mais árida pela desertificação dos EUA| Foto: Creative Commons

Cientistas do clima estão preocupados com os resultados de uma avaliação minuciosa dos impactos do aquecimento global, alertando sobre a possibilidade de secas, que tornariam o sudoeste norte-americano uma área de desertos, e o aparecimento de ondas de calor que fariam a vida impossível nas cidades mais ao norte dos EUA.

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Apresentados em uma audiência ao congresso norte-americano, os dados apontam que as medidas preventivas ao derretimento de neve podem acarretar uma seca severa que se estenderia da Califórnia a Oklahoma. No centro-oeste, isso resultaria na diminuição das chuvas, levando ao encolhimento dos rios e, como consequência, o nível de água dos Grandes Lagos iria diminuir ao ponto de prejudicar ou impossibilitar a navegação.

"Com uma seca severa se estendendo da Califórnia até Oklahoma, uma boa fatia do sudoeste norte-americano será praticamente impossibilitada de ter um estilo de vida sustentável", declarou Christopher Field, pesquisador da Carnegie Institution for Science.

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O cientista discursou sobre uma vasta lista de cidades que podem vir a sofrer com temperaturas calcinantes. Sacramento, na Califórnia, poderá enfrentar ondas de calor mais de 100 dias ao ano. "Já estamos em uma situação limite em um grande número de cidades nos EUA, onde ondas de calor fazem com que regiões inteiras fiquem inabitáveis", relatou Field ao Comitê de Trabalhos Públicos e Meio-Ambiente do Senado dos EUA. Esta é a primeira vez que o Congresso norte-americano foi diretamente confrontado com evidências de que os impactos das mudanças climáticas serão mais drásticos do que os previstos no último relatório da ONU, divulgado em 2007.

Sem garantias

Mesmo com a chegada de Barack Obama ao governo e o empenho da liderança democrata no Congresso para agilizar e promover mudanças para amenizar os problemas causados pelas mudanças climáticas, não existem garantias de que esta briga já esteja ganha. A audiência contou com bicadas entre colegas de partido mais ou menos céticos sobre as mudanças climáticas.

Os Republicanos alegam que a legislação que limita as emissões de carbono proposta por Obama será cara demais. "Estejam certos de que serei contra o aumento de qualquer custo energético durante uma crise econômica como esta, onde a ciência diz que nossas ações (para combater as mudanças climáticas) de nada servirão", disse Kit Bond, um senador Republicano do Missouri. A minoria Republicana também solicitou que o Professor William Happer, um físico da Universidade de Princeton conhecido pelo seu ceticismo sobre assuntos relacionados às mudanças climáticas, discursasse na audiência. "Ainda não faz tanto calor quanto no dia em que os Vikings se estabeleceram na Inglaterra", satirizou Happer.

Tradução de Thiago Ferreira

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