Uma mudança na composição dos membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU poderia ajudar no desarmamento nuclear do mundo, afirmou nesta segunda-feira o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim.
"É importante acabar com essa aparente simetria que existe no Conselho de Segurança, em que os membros permanentes são justamente as potencias nucleares", afirmou o chanceler em aula magna na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Amorim criticou o fato de o Conselho de Segurança ainda privilegiar a mentalidade nuclear da Guerra Fria por ter sido concebido após a 2a Guerra Mundial.
Somente os cinco membros permanentes --EUA, Rússia, China, França e Grã-Bretanha-- têm poder de veto, e o Brasil defende a ampliação do Conselho e faz campanha para se tornar um dos membros permanentes do órgão.
"Acreditamos que haverá esse reforma porque não podemos resolver problemas tendo como foro os países que eram potencias na 2a Guerra Mundial. Isso não tem cabimento", disse o chanceler.
"Até os (membros) permanentes sabem disso. Eles sabem que se demorar podem ocorrer reformas mais profundas. Do jeito que está hoje é um deslegitimação do Conselho. É preciso acabar com essa assimetria", acrescentou.
Para Amorim, desde o início do governo Lula o Brasil conseguiu se transformar num ator de destaque em diversos fóruns internacionais, mas o Conselho de Segurança ainda é uma exceção à regra.
O Brasil foi eleito no ano passado para ocupar uma cadeira rotativa no Conselho em 2010 e 2011 como membro sem poder de veto do órgão de 15 nações, que tem autoridade de impor sanções e enviar missões de paz a outros países.
"Hoje o Brasil tem um papel central em qualquer discussão mundial, mas o Conselho de Segurança é um negociação difícil e complexa. Essa é uma tarefa que vai ficar para o próximo governo", avaliou Amorim.
O Conselho de Segurança está no centro das negociações internacionais sobre o programa nuclear do Irã, que potências ocidentais afirmam ter como objetivo a construção de um arsenal nuclear.
Os EUA e seus aliados ocidentais defendem a aplicação de novas sanções da ONU ao Irã e buscam o apoio dos outros integrantes no Conselho. O Brasil defende uma solução negociada para o Irã e se posicionou contra novas sanções.
"Nossa posição é enfática. Somos contra armas nucleares e a favor de um Oriente Médio livre de armas nucleares. Os EUA poderiam ser a favor disso... Se você coloca no espírito que a única solução é sanção, você tem um solução autocumprível, como ocorreu no Iraque, e, que queremos evitar", disse.
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