Presidente dos EUA, Donald Trump, e Paul Manafort, ex-chefe de campanha de Trump| Foto: NICHOLAS KAMM/AFP

Paul Manafort, ex-chefe de campanha do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, mentiu para o FBI e para o conselho que investiga a interferência russa na eleição presidencial americana de 2016 mesmo após ter firmado um acordo de delação premiada em setembro, de acordo com o conselheiro especial Robert Mueller, que comanda a apuração sobre o caso Rússia. Para ele, Manafort violou o acordo de delação premiada considerado um ativo chave na investigação.

CARREGANDO :)

Em um documento de três páginas, o escritório de Mueller disse que Manafort, que se declarou culpado de conspirar contra os EUA e obstruir a justiça, concordou em cooperar com a investigação de Mueller sobre a interferência russa, mas mentiu repetidamente aos investigadores depois de ter o pacto formado. "Depois de assinar o acordo judicial, Manafort cometeu crimes federais mentindo para o FBI e para o Escritório do Conselho Especial sobre diversos assuntos, o que constitui violação do acordo", disse o escritório de Mueller no documento. 

O relatório aponta que a equipe de Mueller faria uma apresentação detalhada que descreveria "os crimes e as mentiras" de Manafort em uma data posterior. O documento registra, ainda, que Manafort "acredita ter fornecido informações verdadeiras e não concorda com a caracterização do governo ou que violou o acordo de delação premiada".

Publicidade

Manafort negou ter mentido intencionalmente, mas ambos os lados concordaram, em um pedido judicial, que a juíza distrital americana Amy Berman Jackson, do Distrito de Colúmbia, deveria definir a sentença imediatamente. 

Leia também:  4 questões para entender o impacto da confissão de Michael Cohen, ex-advogado de Trump

O aparente colapso do acordo de cooperação de Manafort é a mais recente reviravolta em seu caso, expondo o veterano consultor republicano a pelo menos uma década atrás das grades, depois que ele se confessou culpado em fraudar a Receita Federal, violar leis estrangeiras e tentar obstruir a justiça. 

O documento também indica que a equipe de Mueller pode ter perdido sua testemunha potencialmente mais valiosa em Manafort, um alto funcionário da campanha de Trump que está presente nas principais discussões da investigação que determinará se algum americano conspirou com a Rússia para influenciar a eleição americanas. 

Contexto

Manafort se confessou culpado em 14 de setembro, na véspera da eleição do júri para seu julgamento em Washington. Contra ele pesam duas acusações: conspirar para fraudar os Estados Unidos e conspirar para obstruir a justiça. Manafort admitiu anos de crimes financeiros relacionados ao seu trabalho de lobby para um partido político pró-Rússia na Ucrânia. 

Publicidade

Manafort enfrentava uma sentença máxima de 10 anos de prisão, sem contar uma sentença por sua condenação em agosto na Virgínia por fraude bancária e fiscal. 

Leia mais: Rússia interferiu em eleições nos EUA que deram vitória a Trump, aponta comissão

O lobista de longa data também foi condenado a perder cerca de US$ 15 milhões que ele escondeu da receita federal, mas foi autorizado a manter algumas propriedades em nome de parentes. 

Em troca de sua cooperação, ele esperava que os promotores recomendassem clemência, possivelmente diminuindo os anos de cárcere. 

Se for descoberto que ele violou o acordo, ele perderia quaisquer benefícios que poderia ter ao confessar o crime e colaborar com a justiça, segundo os promotores que trabalham com Mueller. A evidência de outros crimes também poderia fazer com que a sentença de Manafort na Virgínia aumente de sete para 10 anos. A sentença em Virgínia deve ser dada em fevereiro. 

Publicidade