O presidente zimbabuano, Robert Mugabe (esquerda), com Morgan Tsvangirai, após assinar acordo com o opositor, que se tornou primeiro-ministro| Foto: Alexander Joe/AFP

Harare - Os partidos políticos rivais do Zimbábue assinaram um acordo histórico de divisão de poder, marcando o que pode ser o fim da violenta crise que paralisa o país desde as eleições de março.

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Segundo o acordo, o presidente Robert Mugabe – que está no poder há 28 anos – cederá parte de seu poder com a oposição, incluindo Morgan Tsvangirai, líder do Movimento pela Mudança Democrática (MDC, na sigla em inglês), principal partido opositor de seu governo.

Tsvangirai derrotou Mugabe na eleição presidencial realizada em 29 de março, mas por não ter obtido maioria absoluta dos votos foi realizado um segundo turno, em 27 de junho.

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No entanto, uma semana antes da realização da votação, Tsvangirai se retirou das eleições por causa de ataques contra seus partidários por forças fiéis a Mugabe, que obteve mais de 80% dos votos.

O acordo foi assinado por Mugabe, Tsvangirai e Arthur Mutambara – que lidera uma facção dissidente do MDC – em um hotel da capital Harare, depois de semanas de tensas negociações.

Sob o acordo de divisão de poder, Tsvangirai ocupará o recém-criado cargo de primeiro-ministro e vai liderar um conselho de ministros que supervisionará o gabinete de Mugabe.

Recuperação

O povo do Zimbábue espera que o acordo seja um primeiro passo na recuperação política e econômica do país. Neste ano, em meio à crise do processo eleitoral, a inflação chegou à porcentagem de 11 milhões e levou à fuga de milhões para os países africanos vizinhos.

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A audiência que acompanhou a assinatura do acordo incluía os líderes da Tanzânia, Jakaya Kikwete, presidente da União Africana, o rei da Suazilândia, Mswati III, e o presidente da África do Sul, Thabo Mbeki, que mediou as negociações.

Os três líderes do Zimbábue trocaram cópias do acordo e se cumprimentaram. Mugabe e Tsvangirai concordaram, na semana passada, que o acordo encerraria a crise política causada pela reeleição de Mugabe, sob acusações de violência contra opositores e pressão sobre os eleitores para votarem nele.

O acordo deve dividir o controle das poderosas forças de segurança que têm sido um dos principais pilares do poder de Mugabe. O presidente, um ex-comandante de guerrilha, deve manter o controle do Exército, mas o MDC quer dominar as forças policiais.

O partido do presidente, o Zanu-PF, terá 15 cadeiras no gabinete. O MDC terá 13 e a facção dissidente terá outras três.

Mugabe, 84, comanda o Zimbábue desde a independência da Inglaterra, em 1980. Ele permanecerá presidente – uma de suas exigências para assinar o acordo – e líder do gabinete.

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Acordo frágil

Analistas indicam que o acordo de divisão de poder ainda é frágil e exigirá que os ex-rivais coloquem suas diferenças de lado e trabalhem juntos para superar o ceticismo, especialmente dos países ocidentais cujo apoio financeiro será essencial para a recuperação econômica do país.