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Zimbábue

Mugabe faz primeira aparição pública após ação de militares

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(Foto: STRAFP)

O ditador do Zimbábue, Robert Mugabe, compareceu nesta nesta sexta-feira (17) a uma cerimônia de formatura universitária na capital do país, Harare, em sua primeira aparição pública desde a tomada do poder por militares, que seguem negociando uma solução para o caso. 

Usando uma beca amarela e azul, o líder de 93 anos sentou em uma grande cadeira de madeira na frente do salão. Ele foi recebido com gritos pela multidão quando declarou a abertura da cerimônia. Na véspera, o ditador se reuniu com o chefe do Estado-Maior, general Constantino Chiwenga, e se negou a renunciar, segundo fonte próxima aos militares. 

Segundo a agência de notícias Reuters, líderes do partido de Mugabe estão planejando retirá-lo do cargo à força caso o líder resista à pressão do Exército. Assim, se ele não deixar a presidência do país -seu cargo oficial- até domingo (19), será afastado e vai sofrer um impeachment. 

"Não tem volta", disse uma fonte anônima à agência. "É como uma partida adiada por fortes chuvas, com o time de casa liderando por 90 a 0 aos 89 minutos de jogo." No comando do país desde a independência em 1980, Mugabe tem se recusado a abrir mão do cargo antes do fim do seu mandato em 2018. As eleições ainda não tem data definida. 

Negociação

Em um comunicado divulgado pela agência estatal Herald, os militares disseram "estar negociando com o comandante-em-chefe Presidente Robert Mugabe o caminho a seguir e a nação saberá a conclusão disso assim que possível". "Progressos significativos foram feitos na operação para expulsar criminosos próximos ao presidente Mugabe", diz a nota, que afirma que além dos presos, ainda há pessoas foragidas. 

Entre os procurados estão ministros e outras autoridades ligadas à primeira dama Grace Mugabe. O grupo é conhecido como G40, já que a maior parte de seus membros tem por volta de 40 anos. Essa ala contrasta com a geração mais velha, que lutou pela independência do país e que é representada por Mugabe, 93, e pelo vice-presidente Emmerson Mnangagwa, 75. 

Na semana passada, Mugabe afastou Mnangagwa do cargo de vice-presidente, em um movimento que fortaleceu a possibilidade da primeira-dama Grace ser indicada como sucessora do ditador. Ela é apoiada pela juventude da agremiação, mas é impopular entre a população por seus altos gastos em meio à crise. Ela chegou a ser vaiada em um discurso, o que levou quatro pessoas à prisão. 

Foi essa mudança que levou a ação militar que afastou Mugabe e colocou Grace em prisão domiciliar -ela não compareceu a cerimônia de formatura desta sexta. A expectativa é que os militares indiquem Mnangagwa para assumir o país no lugar do atual ditador. 

Detenção

Há 37 anos no poder e um dos líderes mais longevos e duradouros do mundo, Mugabe foi detido na quarta-feira (15) por um grupo de militares que se insurgiu contra o regime e ocupou as ruas da capital, Harare. Eles negam se tratar de um golpe de Estado. 

Países vizinhos, como a África do Sul, já tentavam negociar com o grupo um diálogo para a transição do regime. Durante a manhã de quarta, o presidente sul-africano, Jacob Zuma, disse que falou com Mugabe por telefone. 

O ditador e sua mulher, Grace, 52, foram cercados pelos soldados de madrugada. Horas antes, centenas de membros das Forças Armadas haviam cercado Harare e tomaram prédios estatais, como a emissora pública ZBC.

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