O presidente do Uruguai, José Mujica, afirmou que o Mercosul vive uma "crise institucional" e reivindicou "mudanças" em meio às divergências políticas e comerciais entre os integrantes do bloco.
"É preciso fazer um balanço da realidade, aquele Mercosul dos anos 90, nascido em pleno neoliberalismo, mudou. Hoje temos uma crise institucional e é preciso mudanças e flexibilidade", afirmou Mujica em declarações exclusivas publicadas nesta quarta-feira (15) pelo jornal La Republica.
O líder reafirmou a necessidade do Uruguai de fechar acordos comerciais "com muitos países" e lembrou que "o Pacto Andino é importante".
A Comunidade Andina (antigo Pacto Andino) é integrada pela Bolívia, Colômbia, Equador e Peru e tem como objetivo impulsionar o desenvolvimento integral e conjunto da região. O presidente uruguaio disse que seu governo está negociando um acordo comercial com o Peru.
Mujica reafirmou que "não se deve pôr todos os ovos em uma só omelete", em referência às dificuldades que atualmente têm os industriais e exportadores uruguaios para ingressar no mercado da Argentina por causa das medidas protecionistas aprovadas pela administração da presidente Cristina Kirchner.
Argentina é o terceiro destino para as exportações uruguaias, somando 6% do total, mas a balança comercial é deficitária para o Uruguai e em 2011 os números negativos chegaram a US$ 1,238 bilhão.
A "chave" está em "diversificar o comércio", afirmou o governante, destacando que atualmente o Uruguai consegue bons preços por suas exportações de carne bovina porque "estamos chegando a mais de cem mercados".
Mujica defendeu além disso o ingresso da Venezuela no Mercosul, aprovado em 31 de julho, e destacou o bom nível das relações bilaterais. Como exemplo citou o recente acordo entre a empresa estatal uruguaia de combustíveis Ancap e a companhia petrolífera venezuelana PDVSA para o pagamento antecipado de uma dívida de US$ 800 milhões pela compra de petróleo venezuelano.
Além disso, afirmou que em breve chegará no Uruguai um navio venezuelano com adubos que retornará a seu país com arroz uruguaio, o que "gerará uma troca comercial muito valiosa", informou.
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