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O presidente do Uruguai, José Mujica, informou nesta sexta-feira que sua decisão de acolher cinco presos cubanos de Guantánamo não é "por dinheiro" ou por "conveniência.

"Não fazemos isso por dinheiro ou por conveniência material, e não temos vergonha em dizer que pedimos, por favor, ao governo americano que faça o possível para esses prisioneiros cubanos em Guantánamo sejam libertados", destacou Mujica em seu programa de rádio "Fala o Presidente".O líder uruguaio não especificou a que presos se referia com seu pedido de libertação.

Cuba reivindica aos Estados Unidos há anos a libertação de um grupo de agentes conhecidos como "Os Cinco", condenados a longas penas de prisão e dos quais dois já estão em liberdade, em Cuba.

Ao referir-se a Guantánamo, Mujica disse que Obama "herdou o problema" dessa prisão que funciona em uma base militar americana em Cuba e, atualmente, "luta para terminar com essa vergonha da humanidade".

Ele lembrou que os presos de Guantánamo provêm de "caças" de pessoas realizadas na busca de militantes de Al Qaeda nos países árabes e que foram conduzidos frente a autoridades americanas.

"Muitos destes presos não tinham sentença e terminaram em Guantánamo", assinalou.

Mujica disse que o pedido dos Estados Unidos para que Uruguai abrigue presos daquela prisão "chegou há meses".

"Respondemos que sim porque o Uruguai sempre foi e será um país de refúgio e, para nós, esta é uma questão de princípios".

Aos 78 anos, ele foi um dos líderes históricos do movimento guerrilheiro Tupamaros e ficou preso 13 anos em duras condições antes e durante a ditadura que governou no Uruguai entre 1973 e 1985.

O líder disse que ainda estar longe de concretizar a chegada ao país desses presos em qualidade de refugiados, mas destacou que serão homens livres na "realidade" do Uruguai.

Sobre a possibilidade de esses refugiados não poderem abandonar o Uruguai por um prazo de dois anos comentado ao saber da notícia, Mujica disse que seria somente por um gesto de boa vontade, e nunca imporiam nada.

"Jamais aceitaríamos ser carcereiros de ninguém, também não aprovamos a juridicidade da prisão de Guantánamo", manifestou.

Além disso, "não podemos nos fazer de distraídos perante as pessoas que estão 13 anos presa sem causa provada".

"Muito criticamos e seguiremos criticando o império ianque, mas quando existe um presidente que luta para terminar uma vergonha para a humanidade não se deve dar as costas", declarou Mujica, que pertence à coalizão de esquerda Frente Ampla.

A revista uruguaia "Busca" adiantou na véspera a decisão do governo uruguaio de aceitar o pedido de Obama, e destacou que a intenção dos Estados Unidos é distribuir os presos de Guantánamo "em mais de uma dúzia de países de distintas partes do mundo".

Além disso, segundo a publicação, durante sua última visita a Cuba no fim de janeiro para participar da II Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), Mujica "informou a seu par desse país, Raúl Castro, sobre a ideia de Obama e ambos concordaram em apoiá-la".

Na segunda-feira passada, Mujica "recebeu uma ligação do secretário de Estado de EUA, John Kerry, que agradeceu por ter aceitado "a proposta e comunicou que Obama o receberá antes de junho na Casa Branca, acrescentou o semanário.

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