A construção da imagem política de José "Pepe" Mujica é pouco comum, pois explora seu passado como guerrilheiro, suas fugas da prisão e o fato de ter sobrevivido a nove tiros para apresentar um perfil heroico para os jovens. Mujica, de 74 anos, é líder do "Movimento de Participação Popular" e um dos candidatos presidenciais na eleição de domingo no Uruguai.
Um grande trabalho de "maquiagem" fez com que seu passado de violência guerrilheira fosse transformado para torná-lo um candidato tolerável aos olhos dos setores que temem suas atitudes da juventude. À medida que a data da eleição se aproximava, seu discurso tornava-se mais moderado e ele se apresentava como uma espécie de "continuador" das políticas do presidente Tabaré Vázquez, com quem, apesar disso, teve grandes discussões. Em setembro, o presidente disse que, às vezes, o candidato "fala coisas estúpidas".
Com seu grupo guerrilheiro Tupamaro, Mujica partiu para a luta armada em 1962, combatendo governos democráticos uruguaios. As Forças Armadas derrotaram o grupo cerca de dez anos mais tarde. Em 1973, foi instaurada um ditadura no Uruguai que se estendeu até 1985.
Em 1989 ele passou a integrar a coalizão de centro-esquerda Frente Ampla, elegeu-se deputado, depois tornou-se ministro e agora é candidato à Presidência.
Clandestino
Não se sabe ao certo de quantas operações clandestinas ele participou com os Tupamaros, organização rebelde que promoveu sequestros, assassinatos, roubos, incêndios e assassinatos.
A revista El Soldado, em 1996, fez um extenso levantamento sobre as principais ações de Mujica, no qual identifica o candidato presidencial como o assassino de um policial, morto com sete tiros nas costas.
Com sua imagem caipira, tanto paternal quanto furiosa quando lança insultos, "pois sou esquentado", como já disse, exibia uma aparência descuidada no começo da campanha, que sofreu alterações com o passar do tempo. O candidato começou a se vestir melhor e um cabeleireiro foi contratado para ajudá-lo com seu cabelo grisalho.
Seu discurso, porém, é ambivalente. Quando "digo uma coisa, te digo outra", é uma frase cunhada ao longo de sua carreira política e descreve sua ambiguidade.
Durante a atual campanha foi visto almoçando com importantes empresários, mas também mostrou apreço pelo presidente venezuelano Hugo Chávez, embora o tenha criticado porque "às vezes fala muito".
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