O presidente do Uruguai, José Mujica, teme um golpe de Estado de militares de esquerda na Venezuela, país que vive uma crise política interna em meio a graves problemas econômicos. Na terça-feira (24), um estudante de 14 anos foi morto durante um protesto contra o governo do presidente Nicolás Maduro. Na semana passada, o prefeito metropolitano de Caracas, Antonio Ledezma, foi preso acusado de conspirar contra o governo.
“O problema que a Venezuela pode ter é nos vermos perante um golpe de Estado de militares da esquerda, e com isso a defesa democrática vai para o inferno. Seria um erro gravíssimo que desrespeitassem a Constituição”, disse o presidente em trecho antecipado de uma entrevista “El País” do Uruguai. A entrevista será publicada na íntegra no sábado (28).
Para Mujica, “há maneiras muito inteligentes de desestabilizar um governo”. Ele, porém, esclareceu: “Não quero com isso dizer que sei o que se passa na Venezuela. Não sei o que está acontecendo na Venezuela; eles têm crise de desabastecimento e descontentamento da população, disso não tenho dúvidas”.
O líder uruguaio fez duas distinções em relação à oposição venezuelana. Segundo ele, há os setores que se alinham por trás de Henrique Capriles, governador do Estado de Miranda que perdeu as duas últimas eleições presidenciais para o chavismo, e “os que querem um golpe de Estado”. “Parece que Capriles tem uma posição muito mais cuidadosa para não gerar violência”, disse. Segundo sua avaliação, esse líder opositor e seus aliados buscam uma “saída institucional” para a crise venezuelana por meio de um chamado às eleições.
Mas Mujica também reconhece que há pessoas que querem a saída de Maduro por meio de um golpe de Estado. “Faço votos e farei tudo o que puder e que estiver ao meu alcance para que as questões se resolvam dentro da Constituição. Eles têm uma Constituição libertária feita por [Hugo] Chávez [morto em 2012] em que se prevê um plebiscito revogatório no meio do processo”, relembrou Mujica. No domingo (1º), Maduro deve participar no Uruguai da posse do presidente eleito Tabaré Vázquez, sucessor de Mujica.
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