A brasileira Katia Wanzeler, mulher do coproprietário da Telexfree nos EUA Carlos Wanzeler, foi liberada na noite de sexta-feira (23) por um juiz federal de Massachusetts após passar nove dias detida.
Ela prestou depoimento em Nova York e em Boston sobre o caso, e só foi liberada depois de ter seus passaportes retidos. Segundo o "Boston Globe", a Justiça determinou que Katia não pode sair de Massachusetts enquanto o processo estiver correndo.
A brasileira foi detida no Aeroporto JFK, em Nova York, quando tentava embarcar para São Paulo, na noite do último dia 14. Segundo Christina Sterling, porta-voz do Departamento de Justiça em Massachusetts, Katia foi presa por meio de um "mandado sobre testemunha material", mas não enfrenta nenhuma acusação.
Acusações
Seu marido e o sócio, James Merrill, são acusados de conspiração para cometer fraude eletrônica. Merrill foi preso há duas semanas. Wanzeler é considerado foragido pela Justiça americana.
Na última semana, o advogado brasileiro Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, contratado pela Telexfree, confirmou que Wanzeler está no Brasil. Segundo ele, o fundador da Telexfree saiu dos EUA "com medo" e não deve ser considerado foragido.
Wanzeler teria deixado a residência do casal em Northborough, Massachusetts, há mais de quatro semanas, quando as autoridades americanas entraram com uma ação contra a TelexFree nos EUA acusando o grupo de promover esquema ilegal de pirâmide financeira e congelaram milhões de dólares em bens de seus principais representantes.
Um documento obtido pelo "Boston Globe" diz que Wanzeler e a filha Lyvia cruzaram, de carro, a fronteira com o Canadá no dia 15 de abril.Dois dias depois, pegaram um voo de Toronto para São Paulo --Wanzeler, que tem dupla cidadania, entrou no país com o passaporte brasileiro.
Quantias significativas
O nome de Katia teria aparecido nas investigações depois que foram descobertas transferências de "significativas quantias de dinheiro" das contas da Telexfree para a sua conta pessoal, segundo um documento que faz parte do processo obtido pelo jornal. Só em 28 de fevereiro, duas transferências teriam somado US$ 3,5 milhões.
Segundo a SEC (Comissão de valores mobiliários dos EUA), autora da ação na Corte Distrital de Massachusetts, a TelexFree opera por meio de "oferta fraudulenta e não registrada de títulos", que tem como principais alvos imigrantes brasileiros e dominicanos que vivem nos EUA.
A própria empresa diz ter arrecadado mais de US$ 1 bilhão, segundo o documento apresentado pela SEC ao tribunal, mas não torna pública nenhuma documentação comprovando a receita.
No Brasil, as operações da Telexfree foram bloqueadas no ano passado, por tempo indeterminado, a pedido do Ministério Público do Acre (MP-AC).
A decisão da comissão americana veio depois que a TelexFree LLC, a TelexFree Inc. e a TelexFree Financial Inc., subsidiárias e afiliadas da TelexFree, pediram concordata a uma Corte de Nevada, em abril.