La Paz (EFE) Quatro mulheres e muitos sindicalistas e intelectuais de esquerda compõem o gabinete de 16 ministros designado ontem pelo novo presidente da Bolívia, Evo Morales. A identidade da equipe de Governo, que Morales manteve em segredo até o último instante, foi revelada em um ato no Palácio de Governo de La Paz. Na cerimônia, o presidente aimara, vestido com o mesmo suéter que exibiu em sua recente viagem internacional, levou a mão direita ao coração e a levantou o punho esquerdo no momento do juramento dos ministros, como havia feito no domingo quando assumiu o cargo.
Conforme tinha anunciado em seu discurso de posse, Morales escolheu as personalidades que considera mais representativas dentre os movimentos sociais e de povos indígenas. Um deles é o chanceler, o aimara David Choquehuanca, que se apresentou em sua língua nativa em um discurso preparado com palavras em quíchua e guarani. Choquehuanca, um homem chave no Movimento ao Socialismo (MAS), o partido de Morales, anunciou ter chegado a hora do "pachakuti", que em aimara significa o retorno às origens da civilização andina.
A desafiadora pasta de Hidrocarbonetos estará a cargo do jornalista Andrés Soliz Rada, que deverá enfrentar uma das tarefas mais complexas do governo: a negociação com as companhias petrolíferas multinacionais incluindo a brasileira Petrobras para adequar sua atuação no país ao plano de Morales de aumentar a presença do Estado no setor. Rada terá a dura missão de mostrar com clareza a verdadeira intenção de Morales no setor energético, base da economia boliviana. O governo terá de escolher entre nacionalizar o gás, como prometeu na campanha, ou manter a palavra dada ao governo brasileiro, de que os contratos em vigor serão respeitados.
Morales surpreendeu o país ao colocar mulheres em um quarto das pastas. Elas assumiram ontem os ministérios de Governo-Interior (Alicia Muñoz); Saúde e Esportes (Nila Heredia); Justiça (Casimira Rodríguez); e Desenvolvimento Econômico (Celinda Sosa Lunda).