No primeiro Dia Internacional da Mulher desde a eclosão da campanha "me too" (eu também), que denúncia crimes sexuais, milhares de pessoas foram às ruas ao redor do mundo nesta quinta (8) para pedir igualdade salarial entre os gêneros e combate ao assédio.
Cartazes com a hashtag da campanha foram vistos em manifestações na Ásia e na Europa e há marchas marcadas em outros pontos do mundo.
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Na Espanha, 4,7 milhões de mulheres participaram de uma greve em apoio ao tema, segundo os sindicatos que organizaram a ação. A prefeita de Barcelona, Ada Colau, foi uma das que aderiu a paralisação.
Como uma pessoa em uma posição pública, temos o dever de se mobilizar em nome daqueles que não podem entrar em greve", disse ela. "Este é o século das mulheres e do feminismo, nós aumentamos nossa voz e não seremos caladas".
Manifestantes chegaram a interromper o trânsito na capital da Catalunha e um grande ato está marcado para Madri, assim como em outras capitais europeias, como Londres e Paris.
Para denunciar a diferença salarial entre os gêneros, o jornal francês Libération decidiu cobrar 25% a mais de seus leitores homens pela edição desta quinta -mulheres ganham 24% a menos no país, segundo pesquisa recente do Inequality Observatory (Observatório da Desigualdade).
"Uma punição? Não. Uma contribuição" dizia a capa da publicação, com preço de 2 euros para elas e 2,50 euros para eles.
Na Rússia, onde a data é feriado nacional, houve apenas uma manifestação solitária. A candidata à Presidência Ksenia Sobchak fez um ato em frente a Duma (equivalente à Câmara dos Deputados brasileira) pedindo a renúncia do deputado Leonid Slutsky, acusado de assédio.
Já na Ásia, diversas cidades realizaram protestos, incluindo Seul, onde centenas de pessoas foram às ruas vestidas de preto para criticar a violência sexual. A Coreia do Sul vive uma onda de denúncias de casos de assédio e estupro contra empresários, artistas e políticos na esteira do "MeToo".
A capital indiana Nova Déli também teve um ato, no qual estudantes, professoras e prostitutas marcharam juntas pedindo o combate a violência doméstica e ao abuso sexual e o fim da descriminação salarial. O grupo carregou cartazes com frases como "meu corpo, minhas regras" e "seja homem o suficiente para dizer não ao abuso doméstico".
Em Manila, capital das Filipinas, manifestantes vestidas de rosa e roxo tiveram como principal alvo o presidente Rodrigo Duterte, acusado de uma série de abusos de direitos humanos.
O ato terminou com mulheres entregando flores a víuvas, irmãs e mães de mortos nas operações contra o tráfico de drogas realizadas pela polícia com apoio de Duterte.
Cabul, no Afeganistão, também teve um ato, com a participação de centenas de mulheres. Elas comemoraram o direito de celebrar o Dia Internacional da Mulher, o que era proibido durante o regime do Taleban, e pediram mais segurança e acesso à educação.