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Apenas 17 mulheres conquistaram cadeiras nas recentes eleições parlamentares da Jordânia, mas o fato de que duas delas foram eleitas em competição direta com os homens, fora da cota feminina, foi um marco no país.

A jornalista Rola al Hrub, que conseguiu um assento liderando a lista nacional "Jordânia mais forte", e a diretora de uma escola de ensino médio Marim Lauzi, que teve o maior número de votos na quinta circunscrição eleitoral de Amã, foram as exceções.

"Éramos muito pessismistas antes das eleições, mas embora haja poucas deputadas, a vitória destas candidatas sem ser pela cota feminina significa o primeiro passo muito positivo", disse à Agência Efe a ativista jordaniana pelos direitos das mulheres, Tolin Tuq.

No entanto, Tolin se mostrou insatisfeita com a escassez de aspirantes femininas na reunião eleitoral de quarta-feira pelas 150 cadeiras da câmara baixa, que teve 191 concorrentes mulheres entre 1.450 candidatos.

A nova lei eleitoral aumentou o número de assentos destinados à parcela feminina de 12 a 15 (10%), uma mudança considerada insuficiente para impulsionar a participação das mulheres na política.

Tolin, fundadora da rede de mulheres artistas "Aat", que organiza atividades de teatro e música centradas nos assuntos do gênero, indicou que em uma sociedade conservadora como a jordaniana, é necessário um cota feminina, mas apenas 10% de cadeiras é "ridículo".

Segundo a fundadora, o êxito de Rola e Marim, que no entanto ameaçou renunciar em protesto pela fraude eleitoral, encorajará outras mulheres a se apresentarem no futuro fora da cota e aos grupos políticos para incluir mais candidatas em suas listas.

Nenhuma mulher tinha conquistado uma cadeira do Parlamento jordaniano fora da cota desde 1993, quando a feminista Tujan Faiçal se tornou a primeira mulher a ter uma lugar na câmara.

Uma das principais denúncias dos grupos de direitos das mulheres, como Sisterhood Global Institute/Jordan, era que nas 61 listas fechadas que competiam em nível nacional, as mulheres tinham sido colocadas nos últimos postos, o que dificultava sua escolha.

De fato, só duas mulheres lideravam as ditas listas, uma delas Rola e a outra a ex-deputada Abla Abu Ilbeh, que desta vez não conseguiu se eleger.

Segundo as recomendações do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, para promover a participação política das mulheres, é necessário adotar a igualdade de gênero dos documentos fundacionais dos partidos e estabelecer estas cotas internas para as mulheres.

As mulheres na Jordânia não só devem enfrentar a discriminação e a falta de confiança de muitos homens em sua capacidade de liderança política, mas também devem lutar contra os obstáculos das famílias.

É o caso da aspirante Ola Ziabat, mãe de quatro crianças, para quem a candidatura custou o casamento.

De acordo com as declarações de Ola para o jornal "Jordan Times", quando decidiu concorrer às eleições, seu marido a apoiou num primeiro momento, até que sua família pressionou para que a esposa retirasse a candidatura.

A eleitora Lana Mansur, uma dona de casa de 30 anos, expressou sua esperança de que "as candidatas tivessem êxito para lutar pelos direitos das mulheres".

Para Lana, que votou a favor da lista de Rola, "as mulheres têm o mais dificuldade para conquistar postos de responsabilidade", embora tenha se mostrado partidária da competição direta com os homens antes de estabelecer uma cota.

A oficial Comissão Nacional da Mulher lançou, antes das eleições, um programa para conscientizar as mulheres a participarem do pleito e formou um grupo de 33 que queriam ser candidatas em áreas como lidar com os eleitores e para o desenvolvimento de um programa eleitoral.

Há cinco dias, o governo jordaniano aprovou a Estratégia Nacional da Mulher 2013-2017, que procura fortalecer as mulheres no âmbito social, jurídico, político e econômico, assim como evitar a discriminação e a violência.

Apesar disso, Tolin se mostrou desconfiada com as promessas do governo e os esforços dos organismos oficiais, e afirmou que "os direitos das mulheres nunca foram uma prioridade para o Parlamento".

Segundo a ativista, o importante agora é que as deputadas escolhidas lutem para acabar com a discriminação e para resolver graves problemas como os crimes de honra e o assédio sexual, assuntos ainda tabu na Jordânia.

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