Um manifestante opositor morreu ontem após ficar gravemente ferido durante um confronto entre aliados e opositores ao presidente do Egito, Mohamed Mursi, em Beni Suef, ao sul da capital Cairo. A morte acontece em meio aos protestos contra o mandatário, que completa um ano no cargo.
Segundo a agência de notícias Mena, o jovem de 22 anos pertencia ao movimento opositor 6 de abril, que acusa o grupo radical islâmico Gama Islamiya de atacar os manifestantes e causar a morte do jovem. Outras 22 pessoas ficaram feridas na cidade.
O Ministério da Saúde informou que, ao todo, 174 pessoas foram feridas durante os protestos no país, a maioria deles em Beheira, no delta do rio Nilo. No Cairo, onde mais de um milhão de pessoas se reuniu na praça Tahrir, 27 pessoas ficaram feridas.
A sede da Irmandade Muçulmana, grupo religioso islâmico aliado de Mohamed Mursi, na capital egípcia foi atacada por opositores, que jogaram coquetéis molotov no prédio, causando um princípio de incêndio.
Diálogo
A polícia também fez um cordão de segurança em volta da casa do presidente, em um bairro nobre do Cairo, para evitar ataques. O porta-voz do governo, Ihab Fhmi, voltou a oferecer o diálogo para os opositores, que se recusam a negociar porque acusam Mursi de querer usar os encontros como fachada política.
O principal grupo de oposição Frente de Salvação Nacional pediu que os atos continuem até que o presidente seja retirado. Em comunicado, o grupo diz que o povo continuará a revolução e manteve suas reivindicações, como a convocação de eleições antecipadas e a queda de medidas que deram mais poder aos islâmicos.
Desde o início do mandato de Mursi, no ano passado, os opositores reclamam contra a condução política do presidente. O Egito também enfrenta uma forte crise econômica causada pelo aumento dos gastos do governo e a queda do faturamento no turismo.
Em entrevista ao jornal britânico Guardian publicada ontem, o presidente disse que não vai renunciar e considerou que os protestos não podem ser usados para dar um golpe contra os resultados de uma eleição livre.
"Não há espaço para nenhuma negociação contra a legitimidade constitucional. Se um presidente eleito é forçado a sair, haverá opositores ao novo presidente e, semanas ou meses depois, eles pedirão que ele renuncie também".