Dois milhões de muçulmanos começaram a deixar Meca nesta quinta-feira, no início da peregrinação do haj. As autoridades sauditas estão em alerta para prevenir mortes nas aglomerações, assim como violência sectária.
Em carros, vãs e a pé, uma massa de peregrinos vestidos de branco chegou a uma cidade no vale de Mena, no início do ritual de cinco dias que é um dever de todo muçulmano com condições físicas e possibilidade financeira de realizar a viagem.
Numa das maiores demonstrações coletivas de devoção religiosa do mundo, os peregrinos convergem para a Grande Mesquita, em Meca, e seguem um percurso em volta das montanhas da cidade antiga seguindo a tradição estabelecida pelo profeta Mohammad.
Diante do tamanho da multidão, a Arábia Saudita costuma mobilizar mais de 50 mil seguranças para tentar evitar pisoteamentos fatais e ataques de islâmicos.
As autoridades afirmaram que irão ser rigorosas com os muçulmanos que tentarem entrar em Meca sem a permissão oficial - um fenômeno que pode fazer o número de pessoas passar de 500 mil para mais de 2,5 milhões.
Em janeiro, 362 peregrinos morreram pisoteados na aglomeração na ponte Jamarat. Foi o pior incidente na ponte nos últimos 16 anos, atrás apenas da morte de 76 pessoas quando um hotel desabou em Meca.
O ministro do Interior saudita, príncipe Nayef, disse que os aprimoramentos deste ano prevenirão a aglomeração na ponte, que durante três dias, a partir de sábado, testemunhará o apedrejamento simbólico do diabo, o ritual do haj onde há a maior propensão a acidentes.
No sábado, domingo e segunda - os três últimos dias do haj - ocorrerá o teste principal das novidades.
A Arábia Saudita alocou 1,1 bilhão de dólares para transformar a ponte Jamarat numa estrutura de vários andares. A primeira fase, terminada a tempo do haj desta semana, permite que até 250 mil peregrinos passem por hora pela ponte.
``Esperamos que não aconteça nenhum acidente no haj deste ano'', disse o príncipe Nayef.
Clérigos da seita Wahhabi da Arábia Saudita deram informações conflitantes sobre quando pode ocorrer o apedrejamento.
Numa regra cujo objetivo era diminuir a aglomeração, o xeique Abdulaziz Al al-Sheikh, mais alta autoridade religiosa nomeada pelo Estado, disse que os peregrinos poderiam realizar o ritual em qualquer momento dos três dias.
Mas numa fatwa no início desta semana, Abdullah al-Fozan, respeitado clérigo Wahhabi independente, disse outra coisa: ``O apedrejamento não deve acontecer antes do meio-dia por causa de um dito do Profeta.''
O haj acontece à sombra da violência entre sunitas e xiitas que levou o Iraque às portas de uma guerra civil, além dos conflitos no Líbano.
No passado, iranianos e outros peregrinos já usaram o haj para fazer protestos políticos.
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