Istambul Centenas de milhares de turcos protestaram ontem no centro de Istambul para exigir a renúncia do governo em meio a temores de que seus integrantes conduzam o país a um regime islâmico.
A manifestação ocorre em um momento no qual é elevada a tensão entre o governo do primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan e as poderosas Forças Armadas.
O comando militar defende um Estado laico e acusa o atual governo de "tolerar ou alentar" atividades nos círculos islâmicos radicais.
"A Turquia é laica e continuará sendo laica", gritavam os manifestantes, agitando bandeiras. Muitos dos participantes viajaram de outras partes do país até Istambul para participar do ato.
A multidão foi calculada em cerca de 300 mil pessoas pela polícia e em aproximadamente 1 milhão pela imprensa turca.
Os manifestantes entoaram canções nacionalistas e exigiram a renúncia do governo. Os participantes chegaram a chamar de "traidor" o primeiro-ministro Erdogan.
O protesto de ontem vinha sendo organizado havia mais de uma semana, mas acabou ocorrendo um dia depois de o governo ter rechaçado uma severa advertência das forças armadas sobre as disputadas eleições presidenciais. Erdogan considerou que a interferência dos militares é inaceitável em uma democracia.
Também ontem, os Estados Unidos pediram que a Constituição turca seja respeitada e a União Européia (UE) advertiu os militares turcos a ficarem fora da política, dizendo que a eleição de um novo presidente representa "um teste" sobre o respeito à democracia.
A crise foi desatada depois de Erdogan ter indicado o chanceler Abdullah Gul para o cargo de presidente. Na noite de sexta-feira o comando militar turco manifestou-se "preocupado" e mostrou disposição de participar mais abertamente do processo político.
A manifestação dos militares foi interpretada por analistas como um ultimato ao governo islâmico.
No passado recente, os militares turcos promoveram diversos golpes de Estado. Em 1997, o Exército liderou uma campanha que resultou na queda de um governo islâmico do qual Erdogan e Gul faziam parte.
O atual governo deu apoio às escolas islâmicas e tentou levantar a proibição ao uso do véu em escritórios públicos. Gul não conseguiu ser eleito na primeira votação no Parlamento, na sexta-feira, por causa de um boicote da oposição. Restam ainda duas rodadas de votação.
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