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Silhuetas de pessoas que esperavam na fila para participar do funeral de Michael Brown | Joshua Lott/Reuters
Silhuetas de pessoas que esperavam na fila para participar do funeral de Michael Brown| Foto: Joshua Lott/Reuters

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Há relatos diferentes sobre a morte de Michael Brown, ocorrida no dia 9 deste mês. A polícia afirma que ele lutou com o agente que o matou, mas testemunhas dizem que Brown levantou as mãos para se render, quando foi baleado seis vezes e morto.

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Opinião

Protestos raciais em Ferguson são uma reprise dos anos 1960?

Eduardo Biacchi Gomes e Laura Garbini Both, professores do Mestrado em Direito da UniBrasil.

Uma certa perplexidade paira sobre as tentativas de compreensão dos fatos que cercam a morte de Michael Brown, os protestos gerados por ela e a repressão policial usada para controlar as multidões. Estaríamos assistindo à uma reprise dos anos 1960 e 70? Sim e não. Talvez.

No contexto de 50 anos atrás, a política de Estado americana era assumidamente segregada, cenário que fomentou as lutas pela instituição de direitos civis e pela abertura de espaços de participação política.

Hoje, a sociedade americana se organiza em torno do governo de um presidente negro, mas ainda é longa a trajetória que os EUA têm de percorrer na consolidação da representação multicultural no espaço político, da igualdade de participação na distribuição econômica e da efetivação do reconhecimento das diferenças. Processos que engendram a revelação, a visibilidade e a superação de toda ordem de discriminações e de violências, explícitas e ocultas.

Familiares, amigos e membros da comunidade participaram ontem do funeral de Michael Brown, adolescente negro morto por um policial branco na cidade de Ferguson, no Missouri.

Centenas de pessoas ocuparam de maneira pacífica a igreja batista em que o serviço foi realizado e a Avenida Dr. Martin Luther King, em St. Louis, num cenário contrastante com as manifestações violentas que abalaram a cidade suburbana depois do assassinato a tiros do jovem de 18 anos, que estava desarmado.

A morte de Brown chamou atenção para as tensões raciais nos EUA e os protestos evocaram a crítica ao uso de equipamento militar, às táticas truculentas da polícia local e à discriminação contra negros nas batidas policiais.

Um júri começou a ouvir testemunhos sobre o tiroteio, e o Departamento de Justiça dos EUA abriu sua própria investigação. Comentando o caso Brown, o reverendo Al Sharpton, ativista de direitos civis, pediu um inquérito justo e imparcial sobre o assassinato e o fim da brutalidade policial.

"Michael Brown não quer ser lembrado por tumultos", declarou Sharpton, "mas como aquele que fez os EUA encararem a maneira como vamos fazer o policiamento no país".

Sharpton conclamou a comunidade negra a pôr fim aos episódios de violência e saques nas ruas que mancharam o nome de Ferguson. "Temos que ficar ultrajados por nosso desrespeito uns pelos outros", afirmou. "Alguns de nós agem como se a definição de negritude fosse o quão baixo você consegue ir."

Do lado de fora da igreja, a presença policial era intensa, mas discreta. As autoridades se prepararam para possíveis confrontos entre manifestantes e a polícia. Os conflitos se reduziram significativamente nos últimos dias. A multidão repetiu a frase: "Mãos para cima, não atire", que vem sendo entoada pelos manifestantes nas ruas de Ferguson.

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