BEIRUTE E COPENHAGEN - O ministro de relações exteriores da Dinamarca pediu que todos os cidadãos dinamarqueses deixem o Líbano e solicitou que a população não viaje ao país.
"A situação em Beirute não está sob controle", dizia o governo em um comunicado.
A confusão começou devido a publicação de charges mostrando o profeta Maomé, primeiramente em um jornal dinamarquês e posteriormente em diários de outros países da Europa. As imagens chocaram o mundo muçulmano que considera uma falta de respeito a reprodução da figura do profeta. Um dos desenhos mostrava Maomé com um turbante e uma bomba na cabeça.
Em um protesto violento que resultou no incêndio do consulado da Dinamarca em Beirute, neste domingo, um dos manifestantes ateou fogo ao próprio corpo e morreu depois de pular do terceiro andar do prédio da embaixada.
Milhares de muçulmanos, alguns carregando bandeiras verdes islâmicas, entoavam palavras de ordem exaltando Alá.
As forças de segurança do Líbano lançaram gás lacrimogêneo contra a multidão de mais de 15 mil pessoas.
Testemunhas disseram que os policiais também atiraram para o alto e usaram jatos de água para dispersar os manifestantes, que queimaram dois veículos de civis.
Entoando palavras de ordem que diziam: "Não é Deus, e sim Alah, Maomé é seu profeta", a população jogava pedras nos policiais e incendiou a embaixada.
O embaixador da Noruega no Líbano já havia deixado o país, depois que manifestantes atacaram também representações diplomáticas da Dinamarca e Noruega na Síria no sábado.
Centenas de manifestantes sírios incendiaram a embaixada da Dinamarca para protestar contra a publicação das caricaturas de Maomé em Damasco. O fogo danificou seriamente o edifício. Os manifestantes também usaram bombas e tacaram pedras, que quebraram os vidros das janelas. Em Gaza também houve protestos.
Os jornais dizem que estão defendendo o direito dos leitores de conhecer os desenhos, mas até mesmo os Estados Unidos criticaram esta postura.
O primeiro-ministro polonês, Kazimierz Marcinkiewicz, condenou a publicação de caricaturas de Maomé pelo diário "Rzeczpospolita". Em declaração divulgada pelo escritório de imprensa do governo ele assinala que o jornal polonês ofendeu os sentimentos dos muçulmanos e todos aqueles que se opõem à propagação do ódio.
Em Londres, uma organização Muçulmana pediu que a polícia reaja contra protestos violentos e afirmou que os cartazes, que sugerem ataques a Europa e a países do Ocidente, não refletem a opinião da maioria dos muçulmanos.
Alguns cartazes diziam que a Europa deveria aguardar porque ainda não tinha vivido o seu "11 de setembro".
O governo iraquiano chegou a cancelar contratos com empresas da Dinamarca, alegando que não aceitaria sua participação na reconstrução do país.