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Uma multidão torturou e queimou vivo um homem no noroeste do Paquistão, após tê-lo acusado de profanar o Islã e de ter o raptado de uma delegacia onde estava detido, informou nesta sexta-feira (21) a polícia local.
Os agressores “levaram o acusado para uma ponte próxima, onde o queimaram depois de torturá-lo severamente”, disse à Agência EFE um oficial da polícia, Rafi Ullah, destacado na zona montanhosa de Madyan, na província de Khyber Pakhtunkhwa.
O incidente ocorreu no Vale do Swat, que esteve sob controle dos talibãs paquistaneses entre 2007 e 2009, até o Exército retomar a área.
A vítima era um turista da cidade paquistanesa de Sialkot que, segundo a versão da polícia, foi acusado de profanar o Alcorão pelos moradores locais.
Os residentes locais “o cercaram no mercado em frente ao seu hotel”, disse Ullah, e ele foi resgatado pela polícia enquanto tentava fugir com seus pertences. Não há informações se a vítima é cristã.
Embora a vítima tenha sido levada em um automóvel para a delegacia local, o número da multidão aumentou devido às chamadas feitas a partir das mesquitas e amplificadas por alto-falantes.
“A multidão, que já era grande, seguiu a viatura policial e invadiu a delegacia”, acrescentou o agente, incendiando o local durante sua passagem e destruindo várias viaturas policiais.
Ullah observou que 11 pessoas também ficaram feridas no incidente.
O chefe do governo da província de Khyber Pakhtunkhwa, Ali Amin Gandapur, exigiu um relatório do chefe da polícia provincial sobre o ocorrido, e apelou também à população para manter a calma.
A blasfêmia é um crime e uma questão altamente sensível no Paquistão, de maioria muçulmana, onde mesmo acusações sem provas podem desencadear uma multidão enfurecida, muitas vezes levando à violência, à tortura e, por vezes, ao linchamento.