Milhares de manifestantes se concentraram no centro de Londres, em Belfast, York, Liverpool, Manchester e outras cidades neste sábado (31) para protestar contra a saída do Reino Unido da União Europeia, chamada de Brexit. As manifestações foram uma resposta à decisão do primeiro-ministro, Boris Johnson, de suspender o parlamento por várias semanas quando se esperava um debate sobre os planos do Brexit.
Em Londres, os manifestantes exibiam faixas prometendo "defender a democracia" e gritavam "parem o golpe". Muitas pessoas levaram bandeiras da União Europeia, numa tentativa de resistir à paralisação do parlamento, segundo relatou o jornal The Guardian.
O protesto foi convocado pela internet. Em um grupo do Facebook criado para convocar a manifestação em Londres, chamado "Pare o golpe, defenda a democracia" , os organizadores escreveram que "Boris Johnson está tentando encerrar a nossa democracia para que ele possa cumprir a sua agenda no Brexit. Não podemos confiar apenas nos tribunais ou no processo parlamentar para salvar o dia. Todos temos o dever de nos levantar e fazer com que nos ouçam".
Vários grupos, muitos deles ligados a político, organizaram os protestos, entre eles o Momentum, ligado ao Partido Trabalhista de Jeremy Corbyn. "Esta é a nossa democracia. Não permitiremos que um primeiro-ministro não eleito faça esse assalto ao poder", disse Laura Parker, coordenadora nacional do Momentum, à multidão que se juntou do lado de fora dos portões do nº 10 de Downing Street, a sede do governo britânico.
“Manobra”
Na quarta-feira (28), Boris Johnson obteve autorização da rainha Elizabeth II para suspender as atividades do Parlamento do Reino Unido por cinco semanas. A manobra é vista como uma tentativa de bloquear esforços de deputados que não desejam a saída do país da União Europeia (UE), chamada de Brexit, sem um acordo com Bruxelas.
Com a suspensão, o Parlamento britânico não vai se reunir entre 10 de setembro e 14 de outubro. Os trabalhos só serão retomados com a abertura da nova legislatura, que ocorre após uma cerimônia chamada "o discurso da rainha". Foi esse discurso que Johnson pediu para que a rainha adiasse.
Johnson disse que a decisão faz parte de um desejo de seu governo de "desenvolver uma ambiciosa e ousada agenda legislativa" após o Brexit. A data limite para o Brexit é 31 de outubro, e Johnson vem declarando repetidamente que uma saída sem acordo (o "no deal") é uma possibilidade.
A data de retorno dos trabalhos do Parlamento ficou bastante próxima de uma reunião do Conselho Europeu para discutir o Brexit, marcada para 17 e 18 de outubro. A reunião é considerada um momento-chave para que o governo consiga um novo acordo de última hora com os europeus.