Após o Parlamento Britânico ter aprovado o adiamento da saída do Reino Unido da União Europeia (UE), britânicos saíram às ruas neste sábado (23) para exigir um segundo referendo sobre o Brexit. As ruas do centro de Londres ficaram lotadas de manifestantes de todo o país, que pediam para que a palavra final sobre a crise seja dada pelo povo. A estimativa de organizadores é que a mobilização reuniu cerca de 1 milhão de pessoas.
A multidão colocou a marcha na escala da manifestação de 2003 contra a Guerra do Iraque – reconhecida como a maior do Reino Unido, quando mais de 1 milhão de pessoas compareceram.
Entre os líderes que discursaram estavam Tom Watson, vice-líder do Partido Trabalhista, que chamou a primeira-ministra conservadora Theresa May , dizendo: “Dê uma olhada pela janela. Abra suas cortinas. Ligue a sua TV. Aqui estão as pessoas”.
Mas não foram apenas políticos de oposição que participaram do protesto. Deputados de vários partidos – entre eles trabalhistas, conservadores, verdes e liberais democratas – apareceram lado a lado no palco.
Pressionada
Após três anos de disputas, continua incerto se o Brexit ocorrerá. Theresa May tenta articular um acordo de saída para a pior crise política do Reino Unido em pelo menos uma década.
Na véspera da manifestação, na sexta-feira (22), May avisou parlamentares que há possibilidade de ela não pedir a aprovação de seu plano de retirada do Reino Unido no Parlamento na próxima semana. A primeira ministra afirmou que só levará o plano de volta à casa se houver apoio suficiente para que isso.
May afirmou ainda que precisaria da aprovação do presidente da Câmara, John Bercow, para retomar a discussão pela terceira vez, apesar de suas objeções. Parlamentares britânicos já rejeitaram duas vezes o acordo proposto por May. O Reino Unido deve deixar a União Europeia em 12 de abril, caso nenhum acordo seja aprovado.
No plebiscito de junho de 2016 sobre o processo de separação, 52% dos eleitores votaram pela saída do Reino Unido da UE, contra 48% que foram contra. Hoje, em caso de um novo referendo, muitos analistas preveem que os votos pela permanência no bloco europeu seriam maioria.