Berlim, 28 fev (EFE). - Líderes de diversas partes do mundo manifestaram-se neste sábado (28) sobre o assassinato de Boris Nemtsov, um dos principais opositores do governo do presidente russo Vladimir Putn. As autoridades condenaram o ocorrido e pediram que o caso seja investigado com transparência, com os culpados levados à Justiça.
A chanceler alemã, Angela Merkel, exigiu que o presidente russo, Vladimir Putin, garanta uma investigação independente e com consequências legais sobre o assassinato de Nemtsov. Segundo comunicado do porta-voz do executivo alemão, Steffen Seibert, a chanceler teria de se demonstrado “consternada” com o ocorrido.
A chefe do governo alemão destacou a “coragem” de quem foi vice-primeiro-ministro de dois gabinetes russos em 1997 e 1998, durante a presidência de Boris Yeltsin, por suas “críticas abertas” às políticas do atual Executivo em Moscou.
O primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, também afirmou que o assassinato do que fora vice-primeiro-ministro russo deve ser “totalmente investigado, rapidamente e de maneira transparente”. O chefe do governo afirmou se sentir “comovido” pelo ocorrido com Nemtsov, que qualificou como um homem de “coragem e convicção”, “muito admirado no Reino Unido”.
“Boris Nemtsov está morto, mas os valores que defendeu nunca morrerão. Sua vida foi dedicada a falar incansavelmente a favor do povo russo, em exigir seu direito à democracia e à liberdade sob o Estado de direito, e em pôr fim à corrupção. Fez isso sem temor e nunca cedeu à intimidação”, acrescentou o político conservador.
Por meio de uma porta-voz do Ministério de Relações Exteriores do Reino Unido, o governo britânico disse estar “comovido” e “entristecido” com a notícia da morte de Nemtsov. “Nossos pensamentos estão com sua família e enviamos nossas condolências. Condenamos este ato criminoso. Os responsáveis devem ser levados à Justiça. Vamos acompanhar a situação muito de perto”, acrescentou a fonte do Foreign Office.
O presidente da França, François Hollande, condenou o que chamou de “odioso assassinato” e qualificou Nemtsov como “valente defensor da democracia” em seu país. “Boris Nemtsov era um defensor valente e incansável da democracia e um combatente contra a corrupção”, assegurou o presidente em comunicado divulgado pelo Palácio do Eliseu.
Mikhail Gorbachev, último presidente da União Soviética, afirmou que o assassinato do líder opositor é uma tentativa de desestabilizar a situação na Rússia. “É uma tentativa de complicar a situação, talvez inclusive de desestabilizar a situação no país, de agravar o confronto”, disse à agência “Interfax”. O ex-líder pediu que não sejam tiradas conclusões sobre os autores do assassinato, dizendo ser ainda muito cedo para isso, e disse estar “muito afetado” com o ocorrido.
Para a veterana defensora dos direitos humanos Liudmila Alexeyeva, o assassinato de Nemtsov foi claramente político. “Sua única ocupação era a política. Como político era valente e brilhante. É uma tragédia. Foi um assassinato político, não resta nenhuma dúvida”, disse Liudmila.
O presidente russo, Vladimir Putin, não demorou em apontar que o crime “tem toda a pinta de um assassinato por encomenda, de caráter extremamente provocador” e assumiu pessoalmente o controle sobre a investigação, informou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, instantes depois da tragédia.
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