A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, conhecida pelas iniciais em inglês FAO, revelou nesta quarta-feira (11) que um terço de todos os alimentos produzidos no mundo são desperdiçados.
Segundo relatório divulgado hoje pela FAO, enquanto nos países em desenvolvimento as perdas se dão mais por causa de técnicas precárias de colheita, nas áreas de renda mais elevada o principal motivo do desperdício é o comportamento descuidado dos consumidores.
No relatório divulgado em Roma pelo diretor-geral da entidade, o brasileiro José Graziano da Silva, a FAOP adverte que os desperdícios por parte de produtores e consumidores estão levando à escassez de alimentos e prejudicando severamente o ambiente.
Segundo a FAO, a crescente população mundial poderia ser alimentada se um terço dos alimentos produzidos não fosse desperdiçado. A organização calcula que o desperdício de alimentos responde por emissões de 3,3 gigatoneladas de dióxido de carbono e por um consumo de água equivalente a três vezes o volume do Lago Genebra, intensificando os danos à biodiversidade causados pelo cultivo de uma única cultura.
"As implicações do desperdício nessa escala são enormes", observou Graziano. O custo econômico direto dos produtos agrícolas, excluindo frutos do mar, é de US$ 750 bilhões por ano quando medido com base nos preços de atacado, estima a entidade.
O relatório mostrou, ainda, que a atividade agrícola na América Latina é a mais ineficiente na comparação com outras regiões do mundo, enquanto os consumidores da Europa e da América do Norte foram apontados como os que mais desperdiçam alimentos.
Ao mesmo tempo, o levantamento feito pela FAO revelou que quase nada é desperdiçado pelos consumidores africanos, mas os problemas crônicos nos processos de manuseio após a colheita no continente são quatro vezes mais propensos a provocar perdas.
De acordo com a FAO, a Ásia industrializada é a região que mais contribui para o desperdício de alimentos e a emissão de carbono envolvendo a produção de itens não consumidos. A Europa responde por cerca de 16% de cada, enquanto América do Norte e Oceania representam 9% de cada. A entidade informou que a agricultura é responsável por cerca de um terço do desperdício de alimentos e os consumidores são culpados por quase 40% do excesso de emissões de carbono.
Por isso, a FAO pediu a governos e empresas envolvidas no fornecimento de produtos alimentícios que melhorem sua auditoria sobre o desperdício. Conforme a organização, as soluções devem variar de acordo com as regiões e os produtos. Em alguns casos, o excedente produzido poderia ser melhor destinado a famílias necessitadas e, em outros, seria melhor não produzir tanto.