O primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyiq Erdogan, pediu ontem que a comunidade internacional tome ações para lidar com o cerco militar das forças do ditador da Síria, Bashar Assad, em Aleppo, segunda maior cidade do país, e a ameaça de o regime usar armas químicas.
"Há um aumento (da presença militar) em Aleppo e as recentes declarações, com respeito ao uso de armas de destruição em massa, são ações que não podemos permanecer como observadores ou espectadores", disse ele em entrevista conjunta com o premiê britânico, David Cameron, em Londres.
"Medidas precisam ser tomadas em conjunto dentro do Conselho de Segurança das Nações Unidas, a Organização dos Países Islâmicos, a Liga Árabe, e nós devemos trabalhar juntos para tentar superar a situação", acrescentou Erdogan.
Cameron afirmou que a Grã-Bretanha e a Turquia estavam preocupados com as indicações de que o governo de Assad estava prestes a realizar "alguns atos verdadeiramente terríveis ao redor e na cidade de Aleppo".
"Isso poderia ser completamente inaceitável. Esse regime precisa perceber que é ilegítimo, que é errado, e que precisa parar com o que está fazendo", disse Cameron.
Combates
As forças do governo sírio usaram helicópteros equipados com metralhadoras e dispararam contra rebeldes, ontem, em Aleppo.
De acordo com fontes do governo, as tropas do regime estão preparadas para o assalto à cidade e tentar a recuperação do domínio. Os representantes das forças de segurança afirmam que o combate será difícil porque os rebeldes estão instalados em becos e ruas estreitas.
Considerando a ofensiva, o jornal governista Al Watan declarou que o confronto é chamado de "a mãe das batalhas" por sua capacidade para determinar os rumos do conflito.
Enquanto isso, o grupo rebelde Observatório Sírio de Direitos Humanos, sediado em Londres, informou que centenas de insurgentes se preparam para a ofensiva em Aleppo. Em meio aos combates, pelo menos 70 pessoas morreram em todo o país, de acordo com o grupo opositor Comitês de Coordenação Local.
DiplomaciaDilma defende solução única pelo Conselho de Segurança da ONU
A presidente Dilma Rousseff defendeu ontem que os países integrantes do Conselho de Segurança da ONU busquem uma solução única para tentar conter a crise na Síria. Dilma, no entanto, descartou a possibilidade de uma intervenção militar estrangeira. Segundo ela, as invasões do Iraque e do Afeganistão mostram que esse modelo não deu certo.
"Nós (o governo brasileiro) temos uma posição muito clara de repúdio às violências praticadas na Síria. Mas também achamos que não há soluções simples na Síria. Todos os países do Conselho de Segurança da ONU devem adotar uma posição comum no sentido de garantir a paz. Mas não é um fato fácil", disse a presidente.
Dilma lembrou que o Brasil sempre apoiou as tentativas que ela considerou sérias da ONU de tentar assegurar a paz, e em particular do enviado especial da organização e da Liga Árabe, Kofi Annan.